Psicologia em Foco

As mentiras das crianças e suas consequências no seu desenvolvimento

Reprodução/Rede Social/Portal Luneta

É comum que uma criança (2 aos 12 anos) conte uma mentira aqui ou ali. Como dizer que não sujou algo, mesmo tendo suas mãos cheias de guache e um sorriso no rosto.

No entanto, isso não significa que a criança é perversa. Há, na verdade, explicações psicológicas baseadas no desenvolvimento socioemocional e biológico para esse mentir.

Neste sentido, a mentira que aparece se encaixa em algumas categorias: um comportamento copiado de outra pessoa; uma negação ao ver que os adultos se mostraram insatisfeitos ou com raiva; ou aprender o que é realidade e o que é imaginário.

No primeiro caso, por se estar em idades que podem ser entendidas como de inserção à sociedade (família, escola, instituições, etc.), a criança não tem um repertório de “como agir”. Assim, quase todos os seus comportamentos são aprendidos por espelhamento em quem a cerca.

O que significa que se um adulto mente de forma definida e de fácil percepção ao redor dela, esse comportamento será repetido. Tal qual uma avó dizer “não fala pra sua mãe que eu te dou bala”, e quando a mãe pergunta, a avó dizer que nunca deu essa bala. Isso porque a criança entende que o mentir gera gratificações (balas). Ao mesmo tempo que não causa nenhum incômodo (mãe que não briga nem pune).

Já no segundo caso, a mentira aprendida é usada como uma tentativa de tentar evitar que os outros fiquem insatisfeitos ou bravos com a criança que mente. Pois ela inicialmente não sabe que seus comportamentos iriam gerar desaprovação.

E quando é o caso, recorre à negação para não ser “menos amada” (ou ter essa impressão). Porque nessa idade ainda há uma dependência afetiva muito basal, que na maioria das vezes não suporta emocionalmente o ser desgostado pelos outros. É o caso de dizer que “quem fez algo errado foi fulano e não eu”. Ou negar completamente o fato.

No terceiro e último caso, há a questão de lidar com a realidade. Durante o crescimento a imaginação é muito fértil e necessária ao desenvolvimento. E, algumas crianças podem criar amigos imaginários, ou encenar muitas atividades e brincadeiras.

Tendo isto em vista, acreditam que alguns atos são desempenhados por seus personagens (como figuras de brinquedo ou amigos imaginários) e que a culpa das coisas deve ser desses e não da criança que os controla.

Em todos os casos, é importante ser capaz de avaliar e entender a raiz do comportamento. Para então aplicar punições cabíveis e não exageradas. E para poder gerar um aprendizado.

Assim sendo, o processo de psicoterapia pode ser importante para: tirar o preconceito sobre a criança que mente, orientar os pais de acordo com o caso e idade, ensinar as crianças sobre as consequências dos seus atos e evitar que essas consequências tomem proporções indevidas. Pois isso pode ocasionar na instalação de um mentir patológico.

 

 

Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)

Psicanalista especializado em gênero e sexualidade

Redes: @psicologo_matheuswada

WhatsApp: (16) 99629 – 6663

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