Nos anos de 1990 e 2000 havia uma tendência nos filmes de ficção científica, que era a de ter um assistente robótico que respondia tudo por você. Hoje, existe a IA (Inteligência Artificial Generativa).
A questão que se propõe é para além da existência da ferramenta. É como o seu uso afeta o nosso raciocínio e capacidade de lidar com as coisas.
Já que, não pensar sobre algo, pode, sim, se colocar como algo muito atrativo em uma rotina que na maioria do tempo precisa ser corrida e superprodutiva para poder garantir a sobrevivência. Por isso, o objetivo não é julgar quem usa, mas sim propor uma reflexão de como isso pode se tornar prejudicial para a saúde mental.
O processo de ter uma dúvida séria e buscar por respostas mudou. Procurar por especialistas ou buscar em fontes confiáveis de informação, (para muitos) se tornou pesquisar na internet sem compromisso, que virou ver um rápido TikTok ou Reels, que passou a ser o perguntar para uma IA e aceitar a resposta que vier.
Assim, o “duvidar de algo” vira “ter preguiça” de saber sobre isso. E, a memória se torna um artigo de luxo, considerado supérfluo e que não deve ser adquirido. Nesse caso, o celular, com a ferramenta de pesquisa, ocupa o lugar do pensar sobre algo. É o chamado “efeito Google”, em que se “economiza” refletir sobre algo, pois, se sabe que tudo pode ser acessado em outra hora. Porém não se faz esse acesso depois.
O que se buscava, no início deste fenômeno, era a praticidade que iria permitir ter mais tempo para se focar em atividades prazerosas. Por exemplo, pedir comida por aplicativo, para poder passar mais tempo com a família. Contudo, foi se tornando uma dependência. Pois, algumas pessoas foram lentamente “desaprendendo” o fazer as coisas por si.
Estudos psicológicos recentes mostram que grupos mais dependentes do uso de IA para a resolução de problemas no dia a dia, uma vez que não têm esse auxílio, se tornam: discordantes, lentos, duvidam das próprias capacidades e têm dificuldades de cumprir tarefas.
Este é o “sedentarismo cognitivo”: o uso excessivo de ferramentas que evitam o pensamento, tornando a pessoa dependente delas, menos independente e levando a menor capacidade de resolução de problemas cotidianos. Afetando inclusive a memória e autoestima, além de diminuir conexões de caminhos neurais e seu desenvolvimento cerebral saudável.
Apesar da dúvida sobre e da resolução de algo necessitarem de tempo e esforço, tanto físico quanto psíquico. Essas atividades são intrinsicamente necessárias à nossa saúde mental, física e bem estar.
É preciso ser capaz de raciocinar e construir um repertório psíquico para ser capaz de lidar com a própria vida, questionamentos e situações que ela propõe. Daí a importância da terapia com um psicólogo. Porque é um espaço que permite reflexões e elaborações sobre si, além de buscar uma melhora de si e da sua saúde mental.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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