Dilma nomeia Crivella e contempla evangélicos
A presidente Dilma Rousseff nomeou nesta quarta-feira, 29, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) como novo ministro da Pesca e Aquicultura, numa tentativa de integrar os evangélicos ao governo após polêmicas com a bancada religiosa.
Dois episódios envolvendo ministros do governo e a bancada religiosa neste ano teriam levado Dilma a avaliar a necessidade de melhorar a relação com os evangélicos, disse à Reuters uma fonte do Planalto.
O grupo foi crítico à escolha de Eleonora Menicucci, defensora de mudanças na legislação relativa ao aborto, para a Secretaria de Política para as Mulheres, e atacou supostas declarações do ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), de que o Estado deveria promover uma “disputa ideológica” com as igrejas evangélicas pela influência nas classes emergentes.
As polêmicas teriam mostrado à presidente a necessidade de melhor atender aos evangélicos dentro do governo, segundo a fonte.
“O único momento constrangedor que o Planalto e os ministros do governo passaram neste ano foi a crítica dos evangélicos às falas da ministra Menicucci e do ministro Gilberto Carvalho”, disse a fonte, sob condição de anonimato, ao explicar a troca, que não teria relação com a disputa municipal em São Paulo.
O senador substitui Luiz Sérgio (PT-RJ), que retomará seu mandato como deputado federal, informou a assessoria da Presidência da República.
Crivella, de 54 anos, é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e exerce seu segundo mandato como senador.
A escolha deu-se pela proximidade dele com Dilma, numa relação mediada pelo ex-vice-presidente da República José Alencar, que também pertencia ao PRB, disse a fonte. Até então, o partido não ocupava nenhum ministério no governo.
A Presidência, em nota, justificou a mudança para permitir “a incorporação ao Ministério de um importante partido aliado da base do governo”.
A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, negou que a nomeação de Crivella tenha sido um afago aos aliados evangélicos.
“Toda a discussão e a conversa da presidenta foi no sentido de integrar um partido que durante todo o período… do governo da presidenta Dilma sempre foi um partido extremamente aliado, firme, e atuante na defesa das ações do governo”, disse ela a jornalistas após participar de um evento no Palácio do Planalto.
A data de posse do novo ministro não foi divulgada.