Diferenças salariais evidenciam que machismo ainda persiste
O machismo, como ferramenta do patriarcalismo herdado de nossos antecessores culturais, existe há pelo menos seis mil anos. Ainda que antropólogos não cheguem a um consenso, é bastante provável que o machismo tenha surgido quando o homem reconheceu seu papel no processo da reprodução. Utilizado como instrumento de legitimação do poder masculino, a prática deu tão certo que até hoje, em pleno século XXI, ainda são observadas suas consequências.
É o que comprovam os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge). Dados indicam que em 2010, o salário médio de mulheres com ensino superior completo, por exemplo, representou 62,6% dos rendimentos de homens nas mesmas condições.
De acordo com a historiadora Larissa Queirós, tentar buscar justificativas para as diferenças salariais entre homens e mulheres é cair num mundo de hipóteses. Uma das suposições que se observa é que o salário feminino seria um salário complementar, secundário e que, portanto, não teria uma importância dentro da estrutura familiar. “Muitas vezes se pensa que a mulher, na sua trajetória de vida, tenha uma relação entre trabalho e maternidade e que, ao optar por ter filhos ou se dedicar a eles, significa que ela estaria colocando a carreira em segundo plano. Talvez ainda exista essa ideia arcaica de que a mulher não tenha dedicação a uma trajetória profissional. Mas são hipóteses, porque se você pergunta para um empregador, em uma grande empresa ou num setor de recursos humanos, isso nunca será assumido”, explica.
Na opinião da pesquisadora Luciana Alves a mulher é historicamente avaliada como um ser frágil e inapto de assumir uma posição de chefia familiar. Por isso, suas tarefas se restringiram ao contexto doméstico. “Meu nível de escolaridade é maior que o do meu marido e eu ganho menos. O cargo que ele ocupada na empresa em que trabalha é alto, mas se exercêssemos funções similares, não acredito que vivenciaríamos situação diferente”, opina.
No entanto, segundo a psicóloga Diana Vergara, o Brasil, se comparado a outros países da América Latina, é o que apresenta menor índice de machismo, o que pode, inclusive, ser observado na maneira como as mulheres se portam socialmente. “Porém, é fato que nas regiões em que o índice de instrução é menor, o machismo é mais prevalente. Portanto, o machismo também é uma questão de educação. Mas a verdade é que cabe a nós, como indivíduos e membros de uma sociedade, respeitar as diferenças que fazem do ser humano, homem ou mulher, um ser especial”, finaliza.