Financiamentos estão mais atrativos no comércio
As medidas adotadas pelo governo brasileiro para manter o mercado interno aquecido, como a sequência de cortes na taxa básica de juros Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e a queda do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) nas operações de crédito provocaram, na avaliação dos economistas, a queda dos juros para pessoa física.
Na vida real, disse o economista e vice-presidente da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, o consumidor vai perceber uma baixa nos preços do financiamento na compra de um eletrodoméstico, por exemplo.
Essa realidade o consumidor já encontra no mercado, segundo o gerente de vendas da loja Colombo, Cláudio Guimarães que viu as taxas de financiamento no crediário caírem 2,5 pontos percentuais, em média, . “Estávamos negociando com juros em até 5,40% ao mês e agora estamos com produtos em até 24 vezes sendo vendidos com taxas perto de 2,99%”, afirmou.
No mercado, a reportagem do Primeira Página encontrou TV em tecnologia 3D com redução de custo perto de R$ 600,00, de R$ 2.900,00 por R$ 2. 290,00. O produto ainda está sendo vendido no crediário em até dez vezes sem juros.
Pelo terceiro mês seguido, a taxa média de juros para pessoa física teve redução. Em fevereiro, o percentual foi 6,33%, uma queda de 1,09% sobre o resultado registrado em janeiro (6,4%). Isso equivale a uma taxa de 108,87% ao ano, a menor da série histórica, iniciada em 1995 pela Anefac.
O economista e professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Jônatas Rodrigues da Silva, disse que a taxa Selic baliza os juros praticados na economia, como, por exemplo, as instituições financeiras a utilizam como referência no momento de remunerar àqueles que lhes emprestam dinheiro. “Também ao realizarmos empréstimos os juros praticados seguem no mesmo sentido da taxa básica”, afirmou.
MAIOR JURO REAL – O economista da UFSCar relembra que o Brasil tem o maior juro real do mundo (taxa básica descontada a inflação). A política recente do governo vem diminuindo a Selic desde o ano passado com a intenção de estimular o consumo neste período de recessão mundial. Na última semana, ela teve queda de 10,5% para 9,75% quebrando a barreira psicológica dos dois dígitos. “O problema é que o estímulo do consumo com a cobrança de menores juros gera uma inflação de demanda”, explica ao falar sobre a falta de produtos na prateleira das lojas.
“Na minha visão, estas medidas são paliativas apenas, o Brasil precisa de uma reforma tributária e trabalhista, acabar com a guerra fiscal entre os Estados e desburocratizar o serviço público, tornando a máquina pública menos morosa e onerosa”, ressaltou.