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‘Ô Cride, fala prá mãe…!’ ganha homenagem dos Titãs em São Carlos

02/06/2014 23h51 - Atualizado há 11 anos Publicado por: Redação
‘Ô Cride, fala prá mãe…!’ ganha homenagem dos Titãs em São Carlos
Luiz Barbano
Euclides está com 87 anos e vivendo em São Carlos com a família – filha e netos – no bairro Cruzeiro do Sul.

Um personagem inusitado ganhou relevância na noite de domingo durante o show da banda de rock Titãs, no final da Virada Cultural Paulista. O bordão “Ô Cride, fala prá mãe…!”, que foi um marco na carreira do humorista Ronald Golias, e que também foi incluído em na letra da música “Televisão” dos Titãs gravada em 1984, ganhou nome e sobrenome.

 

O Cridê em questão se trata do são-carlense Euclides Gomes dos Santos, de 87 anos que vive no bairro Jardim Cruzeiro do Sul, em São Carlos. O octogenário foi recebido no camarim pelos músicos dos Titãs que se prontificaram a registrar nas redes sociais o encontro, mas também revelaram no palco durante o show ter conhecido o ilustre são-carlense, além de cantarem a música que traz como refrão:

 

Ô cride, fala pra mãe

Que eu nunca li num livro que um espirro

fosse um vírus sem cura

Vê se me entende pelo menos uma vez, criatura!

Ô cride, fala pra mãe! 

 

No início da tarde de ontem Euclides nos atendeu em sua casa para falar do momento da homenagem. Como na noite de domingo estava garoando e fria, ele não conseguiu ficar por muito tempo na Praça do Mercado. “Fiquei sentado em um banco que começou a ficar muito gelado, tive de voltar para casa”, revelou ao explicar que não esperou a banda executar a música/homenagem. “Mas eu gostei muito do encontro”. Definiu.

Euclides disse que logo que viu pela primeira vez Golias entoando o bordão percebeu que aquela fala era uma imitação de sua mãe. “Eu achei engraçado”, comentou.

Na biografia de Ronald Golias escrita pelo historiador são-carlense Luiz Carlos Barbano, prevista para ser lançada em 2015, ele narra a importância do bordão dentro da cultura pop brasileira.

(…) O Pacífico é um personagem que usava bordões que até hoje estão nas lembranças de seus fãs. Com certeza todos conhecem o mais famoso bordão do Golias: Ô Cride, fala prá mãe…!, que ficou imortalizado não só na televisão, mas também no meio musical, com a homenagem da banda “Os Titãs”. Esse bordão começou a ser usado ainda na TV Paulista, quando foi ao ar a primeira versão de A Escolinha do Golias. O criativo produtor Aluísio Silva Araújo, percebeu a força do bordão e recomendou que fosse usado pelo Pacífico. Desde então o bordão virou símbolo da irreverência de um dos mais marcantes personagens do humor brasileiro.

 

No texto do livro cedido ao Primeira Página, Barbano explica que a frase que viria a se tornar o famoso bordão surgiu em São Carlos quando Golias, ainda criança, morava na rua Geminiano Costa, e tinha como vizinho um garoto de nome Euclides Gomes dos Santos.

“…A mãe de Euclides, pessoa muito simples, costumava chamar o filho encurtando o nome. Em vez de chamá-lo de Euclides, ela o chamava de “Cride”. Golias, ou melhor, “Zinho” achando engraçado, decidiu chamá-lo também de “Cride”, de maneira que quando encontrava Euclides na rua, aproveitava para dar um recado: Ô Cride!… fala prá mãe que eu fui “pescá” lambari no (córrego) Gregório. Outra vez dizia: Ô Cride!…  fala prá mãe que eu fui na Dona Pina comprar doce e volto logo. E assim a vida seguia seu curso normal…”

Euclides confirmou que conviveu apenas por um período com Golias, informação que estão detalhadas no texto da biografia preparada por Barbano.

“…Euclides lembra que foi amigo e vizinho de Golias durante dez anos, e que antes de Golias se mudar para São Paulo, ele também se mudou para o setor norte da cidade, e perdeu o convívio diário com Golias: Quando ele falava “Ô Cride!… fala prá mãe…, ele imitava a minha finada mãe. Depois que “Zinho” se mudou com a família para São Paulo, eu nunca mais conversei com ele. Fui vê-lo novamente na televisão. Às vezes ficava sabendo que ele estava de passagem por São Carlos, mas a gente nunca mais se viu. Nunca mais nos falamos…”, relata a biografia.

Euclides Gomes dos Santos, o “Cride”, perto de completar 88 anos, está saudável e lúcido, ainda morando em São Carlos no bairro Jardim Cruzeiro do Sul, com a filha, genro e netos.

 Para Barbano, quando decidiu escrever a biografia de Ronald Golias, a primeira providência foi a de procurar em São Carlos as pessoas que fizeram parte da infância dele. O primeiro a ser procurado foi Irineu Gualtiéri, por conta da grande amizade que existiu entre ele e o Golias. “Foi aí que eu fiquei sabendo que a pessoa que inspirou o bordão usado pelo personagem Pacífico, era um são-carlense. Foi uma grata surpresa. E o mais incrível foi saber que ele estava vivo e morando em São Carlos”, comentou o biógrafo ao Primeira Página na manhã de ontem.

“O senhor Euclides jamais deve ter imaginado, que a esta altura de sua vida se tornaria uma “celebridade” em São Carlos, graças ao Ronald Golias!”, declarou Barbano.

 

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