Denzel Washington é espião em “Protegendo o Inimigo”
O fim da Guerra Fria não acabou apenas com a tensão política que, desde o fim da Segunda Guerra Mundial, opôs os Estados Unidos à União Soviética.
Também desferiu um duro golpe nas histórias de espionagem que marcaram época e angariaram uma legião de fãs para escritores como John Le Carré, autor dos clássicos “O Espião Que Saiu do Frio” e “O Espião Que Sabia Demais”, cuja adaptação para o cinema rendeu neste ano uma indicação ao Oscar de melhor ator para Gary Oldman.
Com menos apelo que os vampiros adolescentes, cujas sagas lotam os cinemas, os espiões atuais têm de se desdobrar em cenas de ação para manter a plateia acordada. Aquelas tramas conspiratórias mirabolantes do passado não resistem a uma boa mordida no pescoço.
Dessa forma, mesmo sendo uma história de espionagem, “Protegendo o Inimigo”, do diretor sueco Daniel Espinosa, ficou mais com cara de filme de ação e com boas cenas de perseguição rodadas em ruas e favelas da Cidade do Cabo, na África do Sul, onde a trama se passa.
Denzel Washington é Tobin Frost, um ex-agente da Agência Central de Inteligência (CIA) que, logo no início do filme, aparece recebendo um objeto de um homem misterioso, e sendo perseguido depois do encontro por desconhecidos que tentam matá-lo. Na fuga, a única saída que encontra é entrar no consulado americano onde, acreditamos, estará seguro entre os seus.
Mas não é o que acontece. Frost é um fugitivo acusado de vazar informações para inimigos. Ele é preso e transferido para uma casa segura (que dá nome ao filme, no título original), onde será interrogado. Um agente novato, Matt Weston (Ryan Reynolds), cuida do local, enquanto espera sua transferência para Paris, onde viverá com a namorada francesa (Ana Moreau).
Não demora para que os mesmos perseguidores de Frost, que querem o objeto negociado, invadam o local. Entre os agentes da CIA, apenas Weston e Frost sobrevivem ao tiroteio e, sendo responsável pela segurança do prisioneiro, o agente tem de encontrar outro local para levá-lo.
Justiça seja feita, é Ryan Reynolds quem segura o filme na maior parte do tempo, cabendo a Washington a postura de um Dorian Gray negro (por seu rosto congelado e inexpressivo), como ironicamente um personagem se refere a ele, ao reencontrá-lo depois de muitos anos.
Na maior parte do filme, a câmera acompanha a fuga dos dois e os obstáculos que terão de superar para encontrar um novo refúgio. Frost também revelará alguns fatos de seu passado, o que permitirá entender o motivo de estar sendo caçado tanto pelos serviços de segurança americanos como por seus inimigos.
As traições típicas de filmes de espionagem não tardarão a surgir, novas reviravoltas acontecerão, mas são as cenas de ação que mantêm a adrenalina em alta até o fim.
(Por Luiz Vita, do Cineweb)
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