O “Dia dos Pais” é nacionalmente celebrado no 2º domingo de agosto de cada ano. E as ressignificações pessoais e sociais do feriado permitem que se reflita sobre questões contemporâneas, tais quais: quem são esses pais hoje? Como educam seus filhos? E quais os desafios encontrados na neurodiversidade?
Para a psicanálise (Freud, 1923), a figura do “pai” é de alguém que ajuda o bebê (pessoa) a entender quem é, formando sua noção de si e do mundo. Também das regras desse, dando segurança, cuidado e ensinando a lidar com frustrações. O que desliga do arquétipo de um único provedor, autoritário, sem sentimentos e agressivo com seus filhos.
Neste sentido, hoje, o “pai” não necessariamente precisa ser o homem doador de material genético. A figura paterna de cuidado, pode ser: um padrasto, avô, irmão, professor, cuidador, psicoterapeuta, pais divorciados, dois pais, uma mãe solo ou uma avó. O importante é a representação psíquica e afeto da pessoa para a pessoa.
Já ao pensar sobre as formas de educar alguém, se deve ser capaz de ensinar a adaptação frente a situações desafiadoras e frustrantes. Isso de acordo com o perfil, processo e contexto de cada um. É o que se chama de “práticas educativas” em psicologia.
Para Maria de F. J. Minetto (psicóloga, pós-doutorado em psicologia e escola), a partir desses entendimentos é possível escolher quais as práticas mais adequadas para aplicar no desenvolvimento individual. Mas, para que funcionem, é necessário: envolvimento mútuo (pai-criança), regras definidas e monitoradas e uma forma de comunicação eficiente entre as partes. O que significa que não adianta: desqualificar ou desmerecer a criança, gritar, usar de punições corporais (mesmo leves) ou criar um clima de receio e medo ao ensinar algo.
Quando se fala sobre neurodivergência, o termo abrange variações no desenvolvimento neurológico, como: TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), TEA (Transtorno do Espectro do Autismo), dislexia, síndrome de Tourette, Síndrome de Down, AH/SD (Altas habilidades / Superdotação), entre outros.
E pais que não identificam estas diversidades em seus filhos têm maior dificuldade de usar de práticas educativas eficientes, pois não entendem os sintomas presentes, resultando em punições desproporcionais e estresses aumentados em ambos os indivíduos (educador-educado).
Por outro lado, quem tem a identificação diária e visual da neurodivergência, precisa passar por um processo de aprender (muitas vezes sozinho) a como lidar com os novos desafios e a como dar suporte para esses filhos. Ressignificando como será a vida dali para frente.
Ademais, para Lídia Weber (doutora em psicologia), esses pais costumam querer “poupar” as crianças de escolhas, crescer e lidar com frustrações. Resultando em um impacto direto no desenvolvimento saudável da criança. Que vira um adulto incapaz de lidar com escolhas sozinho e com frustrações.
Levando estes pontos em consideração, o papel de um psicólogo capacitado se faz importante em várias etapas da vida. Seja para internalizar de forma saudável o que significa ser “pai”, melhorar a relação com figuras paternas, entender sobre como as práticas educativas do passado impactam hoje, quais gostaria de reproduzir, como identificar e diagnosticar uma neurodivergência e o quais práticas são adequadas para uma criança neurodivergente.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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