O bem da cidade
“Há uma infinidade de erros políticos que, uma vez cometidos, tornam-se princípios”, disse Guilherme Thomas François Raynal, religioso e filósofo francês. E a histórica desunião da classe política de São Carlos parece ser um exemplo de erro que se tornou princípio. Afinal, em mais uma eleição – e mais uma vez tocamos nesse importante assunto – a cidade periga ficar sem representantes na Assembléia Legislativa do Estado e na Câmara Federal.
São muitos os fatores que revelam a desunião: o grande número de candidatos, o que tende a pulverizar os votos; o pequeno número de alianças e parcerias que pensem no bem da cidade antes e pensar no bem individual ou grupal; a insistência de muitos eleitores em votar em branco, em nulo, ou em votar em candidatos de outras cidades. Em síntese, é uma realidade complexa, sedimentada por valores e ideais que talvez não sejam tão fáceis de mudar.
No entanto, as eleições são um aspecto da vida política; vida que se desdobra no dia a dia das reuniões, das conversas, das decisões partidárias, das proposições das lideranças, das tomadas oficiais de posição.
Pois bem, passado o primeiro turno das eleições, já com os dados das votações em mãos e a consciência de que, por enquanto, São Carlos não tem nem deputado federal nem estadual, é hora de as lideranças (que exerçam ou não cargos públicos) se reunirem, conversarem, tomarem decisões, e lutarem, tentando fazer com que os suplentes a deputado federal e estadual, que têm chance de assumirem cadeiras nas respectivas assembléias, de fato o façam. E o façam para o bem da cidade.
Pois uma coisa é a disputa pelo poder municipal, quando nem sempre as alianças são possíveis nem desejáveis; outra é pelos poderes em instâncias maiores, no Estado e na Federação. Para esses, muitas vezes, as alianças são desejáveis. Para o bem da cidade.