Kitajima encara dor em busca da terceira dobradinha
Quem via Kosuke Kitajima se contorcendo e ofegante no Campeonato Japonês de Natação tinha a impressão de que se tratava de um homem lutando pela vida. Mas estaria enganado.
O atleta de 29 anos superou as dores generalizadas no seu corpo e se tornou na semana passada o primeiro nadador japonês a garantir vaga na Olimpíada de Londres.
Ganhador das provas olímpicas dos 100 e200 metrospeito nos Jogos de 2004 e 2008, Kitajima quebrou o seu próprio recorde ao nadar os100 metrosem 58s90,em Tóquio. Emseguida, superou novamente o rival Ryo Tateishi na prova dos200 metros. Saiu da água apontando para o alto, e com o rosto transfigurado de excitação, alegria e dor.
Os tempos dele (2min08s00) e de Tateishi (2min08s17) foram melhores do que o resultado do húngaro Daniel Gyurta ao vencer a mesma prova no Mundial de Xangai do ano passado.
O tricampeonato olímpico nas provas dos 100 e200 metrospeito em 2012 seria um feito sobre-humano para Kitajima, que flertou com a aposentadoria depois da Olimpíada de 2008 em Pequim.
“A gente quase espera isso de Kosuke – na sua idade ainda estar melhorando seus tempos é inacreditável”, disse o técnico japonês Norimasa Hirai. “Esses dois tempos teriam ganhado o ouro em Xangai, então tomara que ambos o levem ao pódio em Londres.”
É verdade que o tempo de Kitajima nos100 metrosestá excepcional, mas ele pode melhorar nos50 metrosfinais na prova mais longa.
“Se ele conseguir forçar nos últimos50 metrosnão há razão para ele não ganhar o ouro novamente nos 100 e 200”, disse Hirai. “E se ele ganhar os 100 sua confiança vai estar a toda. Os 100 serão a chave. Ele pode levar esse impulso para os 200.”
Chacoalhando-se todo e estendendo o pescoço como um pugilista antes da luta, Kitajima superou a barreira da dor para cumprir seu dever no torneio nacional.
“Tem sido brutal”, disse Kitajima, tentando recuperar o fôlego. “Mas treinei muito, me empenhei, porque é dolorido, e fiz o trabalho. Agora é conseguir tempos mais rápidos, chegando ao auge para poder nadar em tempos de recorde mundial na Olimpíada. Definitivamente não será fácil.”