Caixa inova ao reduzir taxas de juros em até 88%
Nos últimos 12 meses, a carteira de crédito da Caixa Econômica Federal (CEF) na região de São Carlos cresceu 27,53%, atingindo R$ 820 milhões, segundo dados da assessoria de imprensa do banco estatal. O crédito às empresas cresceu 31,78% e às pessoas físicas, 25,26%. Esses dados ampliados em proporção nacional fizeram a Caixa lançar um programa de acesso ao crédito para as pessoas físicas e também pretende atingir micro e pequenas empresas na linha de crédito empresarial.
O programa tem quatro eixos de direcionamento que atingem a redução acentuada das taxas de juros, aumento do volume de recursos disponíveis ao mercado, valorização dos clientes e orientação para o crédito consciente.
Na avaliação do economista e professor da Universidade Federal de São Carlos, Jônatas Rodrigues da Silva, a redução de juros sempre é positiva. “O que me incomoda é o governo interferindo na política de seus bancos (Banco do Brasil e CEF), eles devem ter autonomia e não sofrer pressão governamental”, afirmou.
O economista afirmou que foi pouco divulgado ou está nas entrelinhas que a redução beneficiará os clientes com 10 ou mais anos de relacionamento com o banco.
“O governo diminui os juros para garantir o crescimento econômico, só que o crédito visando meramente o consumo não é o bom crédito. O ideal seria o estímulo ao empreendedorismo, ou seja, o crédito menor como mola propulsora da pequena e média empresa”, declarou Silva.
O programa, segundo dados da Caixa, promove uma queda histórica de juros que beneficia todos os clientes, independente de sua condição atual de relacionamento e priorizará as micro e pequenas empresas, destinando mais R$ 10 bilhões para o setor. Além disso, engloba os principais produtos para as pessoas físicas e beneficia de imediato 25 milhões dos atuais clientes e todos que iniciarem relacionamento com a Caixa, que oferecerá orientação para melhor gestão financeira das famílias e empresas.
Na visão do economista da UFSCar, o crédito para pessoas físicas apenas incentiva a compra parcelada, como o lastro é fraco ou inexistente a tendência é o aumento da inadimplência no futuro. “Algo que precisa ser mais divulgado é a possibilidade da portabilidade de dívidas. Se a instituição financeira lhe cobra caro, com os bancos estatais cobrando menos pelo dinheiro, pode ser boa opção a portabilidade. Só que tal possibilidade é pouco divulgada”, afirmou Silva ao indicar que por questões culturais e de comodismo existe a tendência de procurar o banco em que mantemos relacionamento e não necessariamente o mais barato.
Para este ano, a Caixa programou um volume de concessão de crédito da ordem de R$ 300 bilhões, 24% superior ao que foi contratado durante todo o ano de 2011. Para os principais produtos envolvidos no programa está prevista uma contratação que alcançará R$ 71 bilhões entre abril e dezembro de 2012.