Do SUS que não queremos
A proposta do SUS é uma maravilha. Mas onde quer que a má intenção coloque a mão tudo se corrompe ou apodrece. É característica da má intenção, o termo diz tudo. Ainda que outrora, não muito distante, houve um tempo de esperança – infelizmente também corrompida – mas que trouxe bons ventos à saúde local.
Naquele tempo, não muito se havia de fazer para que se observasse boa melhora nos caminhos da saúde. Vinha, a cidade, de uma sequência de administrações golpistas, interessadas na divisão do erário em benefício dos que ocupavam cargos públicos eletivos e comissionados.
Naquele momento da história local percebeu-se boa intenção e resultados satisfatórios. Mas, “tudo que dá em abundância escasseia”, e aqui, na cidade construída entre montanhas não poderia ser diferente. Se bem que não houve tanta abundância assim, mas por um tempo houve boa vontade.
Nesses tempos de incertezas devidas a imposturas e trâmites suspeitos, o fantasma que tem assombrado os munícipes dependentes do SUS se agiganta. Numa recalcitrância inarredável, o gestor municipal se recusa em colaborar para o bom funcionamento do Hospital Escola, recusando-se em repassar verba destinada àquele local de cuidado e cura.
As perdas vão se acumulando, em dois anos de administração o gestor perdeu quatro unidades de Estratégia de Saúde da Família, retirou a farmácia da UBS da Vila Neri, ampliou o sucateamento do SAMU – que teve início no governo anterior, verdade seja dita – fez crescer e sofrer a fila no Centro de Especialidades, adquiriu ambulâncias para o SAMU totalmente fora de padrão – quis agradar mas não agradou – e, entre tantas outras mazelas, agora não repassa o dinheiro do Hospital Escola.
Repetindo mais uma vez a frase do Fernando Henrique Cardoso, “quem não tem competência, não se estabeleça!”
(*) Da Sociedade Brasileira de Anatomia,Professor de Pós-graduação da FHO-UNIARARAS, tutor da UNIFESP-EPM