No dia 22/09/2025 (segunda) o presidente dos EUA, Donald Trump afirmou publicamente que o uso do paracetamol durante a gravidez é causa direta do TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) em crianças. As falas foram imediatamente rechaçadas por órgãos nacionais e internacionais de saúde.
Pois não apresentam validade científica ou real. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2019), o TEA tem causas nas combinações de fatores genéticos e ambientais.
E, de acordo com a Anvisa (2025), o paracetamol é um medicamento indicado para redução de febre e alivio de dores leves a moderadas, não apresentando ligação direta como causador do TEA. Sua comercialização inicial nos EUA e Austrália foi em 1950. E no Brasil estreou nas prateleiras em 1970.
Por outro lado, o TEA tem seus primeiros registros médicos e psiquiátricos em 1908, pelo psiquiatra Eugen Breuler. Historicamente, anterior a esta data, os sintomas foram erroneamente atribuídos a outros diagnósticos. E há registros com interpretações religiosas ainda mais antigos.
A partir do ano de 1987 as descrições completas do TEA foram compiladas de forma ordenada e devidamente nomeadas. E, com a publicação em 2013 do DSM-V (5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) pela APA (Associação Americana de Psiquiatria), o autismo teve reconhecimento como um transtorno de desenvolvimento em espectro (melhor diagnosticando suas particularidades).
Quando um bebê nasce com uma neurodivergência ou deficiência, é comum que os pais se culpem pela situação. E a desinformação e falas errôneas, como as de Trump, apenas adicionam ao sentimento.
Culpabilizar quem está grávida ou teve um bebê apenas por querer evitar a dor durante o período de gestação é perverso. E tem impacto direto na saúde mental.
Pois, a culpa crônica e angústia frente a essa nova realidade do inesperado, podem levar a: não criação de vínculo com a criança, depressão pós-parto, surtos psicóticos, transtornos depressivos e ansiosos, transtornos de imagem, problemas de sono, alimentação, fadiga crônica e ideações suicidas.
Tendo essas questões em mente, se faz importante o papel da psicologia como ciência e fonte contextual de informação. Assim como o do psicólogo para o acompanhamento em saúde mental dos pais e mães de pessoas com TEA. Para que se possa lidar com possíveis reidealizações dessa nova vida, com ansiedades, angústias, culpa e questões que venham a surgir.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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