Phelps está pronto para “cereja no sundae”
Na sua despedida dos Jogos Olímpicos, Michael Phelps está mergulhando em águas desconhecidas.
Ele passou a vida derrubando recordes e acumulando medalhas de ouro, mas sua última competição parece mais uma homenagem do que uma disputa para coroá-lo.
Isso Phelps já conseguiu há quatro anos, em Pequim, onde ganhou impressionantes oito medalhas de ouro.
O problema é que ele logo descobriu que a perfeição tem dificuldades, e que em qualquer direção que ele olhasse não tinha mais como subir. Não importa o que ele fará em Londres, Pequim continuará sendo seu momento definidor.
“Não acho que nada que ele possa ou não fazer irá mudar seu legado”, disse Bob Bowman, técnico do nadador norte-americano. “Ele é hoje o maior atleta olímpico de todos os tempos, e acredito que continuará sendo após este verão (boreal)”.
Phelps se inscreveu para sete provas em Londres, uma a menos que em Pequim-2008 e em Atenas-2004, e ninguém descarta que ele tenha chances de se destacar novamente.
Mas, num esporte em que medalhas são ganhas e perdidas pelos menores números, parece improvável que ele vença as sete. Enquanto seus rivais nadam cada vez mais rápido, Phelps não cravou nenhum recorde mundial nos últimos três anos, e ganha medalhas com frequência cada vez menor.
No Mundial de 2009, ele ficou com cinco ouros. Em 2011, conquistou quatro e, aos 27 anos, está resignado com a chance de não ganhar todas as provas que disputar em Londres.
“Fizemos várias coisas legais, maravilhosas e empolgantes, e agora é hora de me divertir”, disse Phelps. “Estamos relaxados. Agora só resta definir qual o tamanho da cereja que eu quero colocar em cima do meu sundae”.
Seu principal obstáculo após os Jogos de Pequim foi encontrar motivação para se levantar da cama antes do sol raiar e nadar milhares de piscinas, como precisava fazer para chegar ao topo.
Ele é um ícone esportivo mundial e fez fortuna com o esporte, então não precisava de dinheiro nem fama, e o desafio de acrescentar mais recordes ao seu currículo já não era tão atraente.
Mas, embora detenha o recorde de medalhas de ouro numa só Olimpíada (oito) e no total (14), ainda há recordes significativos ao seu alcance. Ele precisa apenas de três medalhas, de qualquer cor, para superar o recorde total de 18 obtidas pela ginasta soviética Larisa Latynina. E, se subir ao pódio nas suas quatro provas individuais, igualará o número de medalhas solo dela (14).
Caso Phelps conquiste o ouro em uma das provas de medley ou borboleta, vai se tornar o primeiro nadador homem a vencer a mesma prova em três Olimpíadas.
“Se eu fizer o melhor que eu posso e não ganhar medalhas ou ganhar um bronze ou uma prata, ainda assim não haverá muitas pessoas que podem dizer que têm isso”, disse Phelps.
“Se alguém disser que é um fracasso, não ligo. Se eu puder dizer que fiz o melhor que pude e fui feliz na minha carreira, é tudo o que importa.”