Campeão na NBA, LeBron mira ouro olímpico
Recém-coroado campeão da NBA, LeBron James chega à Olimpíada de Londres como um dos principais atletas dos EUA e um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, mas, estranhamente, cercado por uma grande torcida por seu fracasso.
James está para o basquete como Lionel Messi para o futebol – o craque incontestável da sua geração, com tudo para passar à história como um dos melhores no seu esporte. Mas o norte-americano de 27 anos costuma ser vaiado onde quer que jogue, e a mídia se alvoroça diante de qualquer sinal de fraqueza dele.
Essa hostilidade pode ser difícil de entender para quem não tem intimidade com o esporte norte-americano. James estava sem contrato em 2010, e escolheu se juntar a Dwyane Wade e Chris Bosh no Miami Heat, na esperança de ser campeão depois de passar sete anos no mediano Cleveland Cavaliers.
É claro que a torcida de Cleveland não se conformou. Ao contrário do que ocorreu no futebol, onde trocar de time é algo corriqueiro, James ficou com a pecha de traidor.
“De jeito nenhum eu teria me juntado ao Magic (Johnson) ou a Michael Jordan e jogaria com eles”, disse, à época da conferência, o ex-jogador Larry Bird, tricampeão pelo Boston Celtics na década de 1980.
“A única vez em que eu quis jogar com o Magic foi no time olímpico, e mesmo assim nossos treinos eram duros, nós nos batíamos no treino.”
No entanto, a experiência de James ao lado de Bosh e Wade na Olimpíada de Pequim-08 foi de certa forma o embrião da mudança – os três ficaram livres de contrato ao mesmo tempo, e começaram a pensar numa união.
O grande erro de James – algo que ele e seus apoiadores hoje admitem – foi anunciar a transferência num especial de TV transmitido para o país todo, e no qual disse, com pompa, que estava “levando meus talentos para South Beach”.
O principal objetivo do programa era arrecadar dinheiro para fins beneficentes, mas a frase ficou engasgada com a torcida de Cleveland, especialmente vindo de um nativo de Ohio, recrutado para o time ainda no basquete colegial. Claramente, James não foi bem assessorado.
Durante sua primeira temporada em Miami, o time era fortemente vaiado quando jogava fora, e James em particular. Parecia que o país inteiro estava torcendo pelo alemão Dirk Nowitzki e pelo Dallas Mavericks na sua vitória na final da NBA em 2011.
Notável jogador nos dois extremos da quadra, James foi qualificado de “engasgado”, por render menos no final das partidas durante as finais. Mas no intervalo entre as temporadas ele melhorou seus pontos fracos.
Neste ano, James foi eleito o MVP (melhor jogador) da temporada regular e na série decisiva, e teve atuações magistrais, especialmente quando isso era mais importante.
Marcou uma média de 30,5 pontos nos playoffs e, na partida decisiva da final, anotou 26 pontos, 13 assistências e 11 rebotes.
O que torna o caso de ódio com LeBron ainda mais estranho é o fato de que, além da sua capacidade física e talento invejáveis, ele é muito simpático.
“Quando você conhece LeBron, não entende por que ele atraiu tantas críticas (…) sobre um jogador que incorpora todas as qualidades que você quer de um campeão”, disse o técnico do Heat, Erik Spoelstra.
“Você passa dez minutos com ele e absolutamente adora o cara, porque ele é envolvente. Ele é uma das pessoas mais carismáticas que já estiveram por aí (…). Ele é um colega de equipe incrível.”