Número de acidentes de moto em São Carlos cresce 23% em 2019
O número de acidentes envolvendo motocicletas avançou 23% em 2019 na cidade de São Carlos. Nos três primeiros trimestres de 2018 foram registradas 247 ocorrências envolvendo o veículo de duas rodas, numa média de 2,27 acidentes diários.
No mesmo período deste ano o número saltou para 303, o que revela a existência de 3,36 acidentes por dia. Durante todo o ano de 2018 a Polícia Militar registrou um total de 353 casos envolvendo motos, numa média de 0,98 ocorrências por dia. Neste ano, até agora São Carlos já foi palco de 320 casos, perto de 1,11 acidentes por dia.
O secretário municipal de Transportes e Trânsito de São Carlos, Antônio Clóvis Pinto Ferraz, o Coca, ressalta que São Carlos tem aproximadamente 40 mil motocicletas, o que corresponde a 30% de toda a frota. “É um número preocupante, pois a motocicleta é um veículo muito inseguro, não tem airbag e não tem lata para amassar. Todas as mortes no trânsito de São Carlos foram de motociclistas. No ano passado foram 9 e neste ano foram 4”, explica ele.
Segundo Coca, é necessária a educação no trânsito. Ele destaca que o motociclista não pode conduzir o veículo em direção perigosa. “Ele precisa andar devagar e com muito cuidado, pois o carro tem muitos pontos cegos. Estamos investindo muito em educação para o trânsito e também em fiscalização, o que é muito importante”.
Das 37,3 mil mortes no trânsito no Brasil, um total de 12,1 mil ou 32% envolveram motocicletas. Um total de 24% envolveram automóveis e de 21% não há registros do tipo de veículo envolvido. Apesar disso, as motos são apenas 27% do total de 96 milhões de veículos que existem no Brasil. Os acidentes envolvendo motocicletas também são responsáveis por 74% das indenizações pagas pelo Seguro Obrigatório DPVAT. As mortes no trânsito são o décimo maior motivo de mortes no Brasil, com 1,34% do total, mas são a principal causa da morte de jovens de 19 a 25 anos.
TRAUMAS E FRATURAS – O médico Fernando de Carvalho Koberle, coordenador de Ortopedia da Santa Casa, na área há 16 anos, afirma que apesar de o corpo humano ter grande resistência, não está preparado para as novas tecnologias e a velocidade que é desempenhada por veículos. “O nosso corpo não é adaptado para resistir a problemas da tecnologia. O corpo humano acaba sendo bastante frágil diante do impacto causado em ossos, pele, tecido e cartilagens por uma colisão. A energia dissipada é muito grande e o parachoques do motociclista é o seu próprio corpo”, explica ele.
Ele afirma que o trânsito de São Carlos tem ficado mais pesado a cada dia e a gravidade dos traumas que chegam no hospital tem aumentado a cada dia. Ele exemplificou o caso da jovem pedagoga Aline Bianca Saladini, de 29 anos, morreu na noite de 28 de setembro após 10 dias internada na Santa Casa.
Para Koberle, há uma necessidade premente de educação no trânsito para que possamos ter condutores mais conscientes em todos os veículos. Segundo o especialista, os acidentes trazem um grande custo para o país, que chega a bilhões de reais.
Comandante da Rocam passa dicas de segurança para motociclistas
Atuando há 14 anos na Rocam, departamento da Polícia Militar que utiliza motocicletas, o sargento Fabiano Pavan destaca que durante todo este tempo já presenciou vários acidentes envolvendo motos, sendo alguns com vítimas fatais e outros graves, onde o piloto ficou com sequelas pelo resto da vida.
Ele alerta que o número de motocicletas vem crescendo cada vez mais nos centros urbanos. Segundo ele, a exposição do corpo coloca o motociclista sobre risco constante. “Se o motociclista seguir algumas normas de segurança, com certeza poderá evitar acidentes e colaborar para um trânsito mais civilizado”, comenta Pavan.
