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Índio Cachoeira explica como trocou o volante pela música

30/07/2012 12h58 - Atualizado há 12 anos Publicado por: Redação
Índio Cachoeira explica como trocou o volante pela música

As mãos que até pouco tempo tocavam volante de ônibus na cidade paulista de Guarulhos agora estão totalmente comprometidas com a música. Nascido em Junqueirópolis, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul, o violeiro Índio Cachoeira largou a casa alugada e o emprego como motorista de transporte coletivo e partiu para Alfenas, no Sul de Minas. Recém-instalado na casa de um dos seus quatro irmãos, finalmente resolveu dedicar-se exclusivamente à música. Já estava na hora: o artista, que está completando 40 anos de carreira, acaba de lançar Violeiro bugre, seu terceiro disco solo instrumental.

Hoje, Índio Cachoeira sobrevive construindo violas, violões, cavaquinhos de oito cordas e harpas em sua oficina. Não conta com o dinheiro dos shows, realizados quase sempre em São Paulo. “Tem mês que tem; tem mês que não tem. Viajo mais pela divulgação dos meus discos. Se cai um trocado, eles mandam para a minha conta”, afirma o violeiro. Ele sabe que o público de viola caipira é grande em Minas Gerais e pretende logo agendar apresentações em Belo Horizonte e no interior. “Sou novato por aqui, o pessoal ainda está me conhecendo”, diz. Mora sozinho – ou, como gosta de dizer: “Eu, a viola e o cachorro”.

José Pereira de Souza virou Índio Cachoeira aos poucos. Começou tocando nas rádios da região de Junqueirópolis, aos 17 anos, com o nome de Cachoeira. Em 1995, depois de ter formado algumas duplas – uma delas com Tião do Gado, hoje conhecido como Carreiro, parceiro de Carreirinho – e tocado com várias outras, tornou-se o Pajé e gravou com o companheiro Cacique cinco discos. “Acharam que minha voz parecia com a do Pajé e me colocaram no lugar dele quando morreu”, conta. Incorporou o Índio para honrar sua ascendência, já que é neto de pataxós. Atualmente, faz dupla com Cuitelinho.

“Não procuro imitar ninguém e, sim, criar meu estilo. A música que faço é rural mesmo, meio indígena. Dentro de mim está um índio e lá de dentro eu tirei esse estilo. Junqueirópolis é um lugar onde sai até fogo de dentro das violas, os músicos parecem estar forjando a música na hora. Quem me ensinou a tocar foi a minha loucura, me enfiei no meio dos violeiros para aprender. Chegava a esquecer de almoçar e jantar por causa da viola. Desde os 8 anos eu futuco viola”, conta. “Não sei se a turma mais nova vai gostar de um velho como eu, mas vamos lá”, acredita.

 

CANAÃ – Todas as 15 faixas de ‘Violeiro Bugre’ foram escritas pelo próprio Cachoeira. À exceção de ‘Boi Sinueiro’, são todas instrumentais. O disco é aberto pela ótima ‘Remelexo’, na qual o violeiro mostra seu fraseado melodioso, claro e gracioso, acompanhado por violão e baixo – formação que se repete em vários outros momentos do disco. Mas o brilho do álbum não se deve exclusivamente a sua performance, já que em muitas peças fica latente seu talento como compositor. É o caso da bela e lamuriosa ‘Alvorada Sertaneja’ e do introspectivo solo “O Castelhano’.

Também harpista, o músico mostra sua desenvoltura pinçando as cordas do instrumento em A viola e a harpa – não por acaso, entre suas preferências estão canções mexicanas e paraguaias. O músico escolhe ainda duas faixas (‘O Guizo’ e ‘Pagode Bugre’) para mostrar o som de um dos instrumentos que produz, uma pequena viola de 15 cordas que chama de Canaã.

 

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