Salles evita comentar prisões de membros de ONG de Alter do Chão, no Pará
O
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, evitou fazer comentários
sobre a prisão preventiva de quatro membros da ONG Brigada de Alter
do Chão, em Santarém, no Pará, em uma operação da Polícia Civil
no Estado. Perguntado sobre o assunto, Salles limitou-se a dizer que
se trata de uma investigação estadual e que é preciso acompanhar
os desdobramentos do caso.
“Essa é uma questão que está
sendo tratada pela Polícia do Estado do Pará. Portanto, vamos
aguardar o encaminhamento disso”, comentou, após participação
em uma audiência pública da Comissão da Agricultura da
Câmara.
Durante toda a audiência pública, deputados da
bancada ruralista direcionaram elogios constantes à condução de
Salles no MMA e, paralelamente, atacaram as ONGs ambientais, em linha
com declarações já dadas pelo presidente Jair Bolsonaro, que
levantou “suspeitas” de que as organizações que atuam na
defesa do meio ambiente estariam por trás dos incêndios na
Amazônia.
As informações divulgadas até agora pela Polícia
Civil não permitem concluir sobre a participação da ONG nos
incêndios que ocorreram na região em setembro, acusação que a
polícia fez na manhã de ontem. Depois, o delegado afirmou que se
trata de desvio de recursos repassados à ONG por outra instituição,
o WWF-Brasil, que não é alvo das investigações.
Nesta última
quarta-feira, 27, o juiz da 1ª Vara Criminal de Santarém, Alexandre
Rizzi negou o pedido da defesa da Brigada de Alter do Chão, para a
revogação de prisão preventiva dos quatro brigadistas. O juiz
pediu o prazo de dez dias para que a Polícia Civil avance na
investigação. A defesa, agora, vai impetrar habeas corpus no
Tribunal de Justiça do Pará.
A Brigada é uma iniciativa
lançada em 2018 e faz parte da organização não governamental sem
fins lucrativos Instituto Aquífero Alter do Chão para cooperação
no combate a incêndios na região, com apoio de pessoas físicas
voluntárias. Trata-se de uma ação mantida pelo próprio Instituto
Aquífero.
Por meio de nota, a ONG informou que, a respeito da
menção a vídeos publicados na plataforma YouTube em que
voluntários da Brigada de Alter do Chão supostamente apareceriam
ateando fogo em matas, a Brigada não teve acesso a tais vídeos.
“Por
desconhecer seu teor, a Brigada pode desenvolver duas hipóteses. Uma
hipótese é de que as imagens sejam de treinamento de voluntários
da Brigada, em que focos de fogo controlados são criados para
exercícios práticos. Esse tipo de exercício, praxe no treinamento
de combate a incêndios, é realizado pela Brigada de Alter do Chão
com a participação do Corpo de Bombeiros local e com o respaldo de
licenças emitidas pelos órgãos competentes”, declarou.
A
outra hipótese, segundo a instituição, é de que os vídeos
mencionados mostrem a ação conjunta de brigadistas e bombeiros
utilizando a tática conhecida como “fogo contra fogo” –
realizada regularmente pelo Corpo de Bombeiros no combate de
incêndios. “Cabe ressaltar que a Brigada de Alter do Chão
aplica a tática de fogo contra fogo exclusivamente com a presença e
o apoio do Corpo de Bombeiros”, informou.
A ONG esclareceu
ainda que fez a declaração de doações no final do mês de
setembro. “Doações recebidas após esta data estão ainda
sendo consolidadas em relatório e serão declaradas apropriadamente.
Quanto ao valor destinado pela organização WWF-Brasil, ao contrário
das informações veiculadas, trata-se não de uma doação, e sim de
uma parceria firmada com o Instituto Aquífero Alter do Chão visando
à aquisição de equipamentos para a Brigada”, declarou.