Eduardo Laguna/AE
Um dos setores mais afetados pelas tarifas de 50% do governo americano contra produtos brasileiros, a indústria de máquinas e equipamentos teve queda de 13,1% nas exportações aos Estados Unidos em setembro, na comparação com o mesmo mês de 2024.
Na margem – ou seja, ante agosto, quando as tarifas já tinham sido elevadas -, a queda foi de 10%, segundo balanço divulgado hoje pela Abimaq, a entidade que representa as fábricas de bens de capital mecânicos.
As maiores quedas, de agosto para setembro, foram registradas nos embarques de componentes (-28,9%), máquinas para agricultura (-20,6%) e máquinas para a indústria de transformação (-18,5%).
Como as vendas aos Estados Unidos já vinham caindo antes do tarifaço do presidente Donald Trump, as exportações ao país acumulam queda de 8,2% no período de janeiro a setembro. Desde janeiro do ano passado, a participação dos Estados Unidos nas exportações de máquinas e equipamentos produzidos no Brasil caiu de 31% para 21%.
INVESTIMENTOS
Os investimentos em máquinas e equipamentos no Brasil tiveram alta de 9,6% em setembro, comparado ao mesmo período do ano passado, chegando a R$ 35,7 bilhões. As compras de máquinas produzidas no Brasil subiram 18,2%, somando R$ 20 bilhões, enquanto as importações tiveram alta, em dólares, de 8,4%, para US$ 2,8 bilhões no mês passado.
Divulgado pela Abimaq, o balanço mostra que as compras de máquinas no País subiram 3,7% frente a agosto, sendo que, nesta comparação, o avanço de bens de capital nacionais foi de 1,4%. Na margem, as importações mostraram alta de 8,1%.
No acumulado desde o início do ano, quando os investimentos em máquinas subiram 13,2%, para R$ 316 bilhões, as importações morderam 45% do consumo nacional, proporção semelhante à observada em 2024. Praticamente uma a cada três máquinas importadas (32%) vem da China, quase o dobro da participação de dez anos atrás (16,6%).
RECEITA
A indústria de máquinas e equipamentos teve, no mês passado, crescimento de 11,2% ante setembro de 2024, chegando a R$ 27,2 bilhões em receita líquida. Na comparação com agosto, a alta foi de 2%, segundo balanço divulgado pela Abimaq, a entidade que representa o setor.
O resultado reflete a alta nos investimentos em bens de capital no País, o que, junto com embarques a outros destinos, compensou as perdas no mercado americano, onde o setor é um dos mais afetados pelas tarifas de 50% do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Houve em setembro aumento de 18,2%, no comparativo anual, da receita com vendas domésticas, enquanto as exportações, diante do tarifaço de Trump, subiram apenas 1,8%, em dólares, somando US$ 1,3 bilhão. Convertendo para reais, as exportações tiveram queda de 4,7%, somando R$ 7,1 bilhões.
Na margem – ou seja, de agosto para setembro -, as vendas internas tiveram alta de 1,4%, enquanto os embarques avançaram 5,1% em dólares, o que dá uma alta um pouco menor, de 3,8%, na conversão para reais.
Com o resultado, a receita líquida da indústria de bens de capital mecânicos desde o início do ano chegou a R$ 227,7 bilhões, 10,8% acima da cifra dos nove primeiros meses de 2024. Nessa comparação, as vendas internas subiram 13,4%, para R$ 173,1 bilhões, ao passo que as exportações, de US$ 9,6 bilhões ficaram praticamente no mesmo nível do ano passado, com alta de 0,2%.
Segundo a Abimaq, a redução de 8,2% das vendas neste ano aos Estados Unidos e o recuo de 2,2% nos preços médios das máquinas no mercado internacional foram anulados pelos aumentos tanto do volume físico exportado (+2,8%) quanto dos embarques a outros destinos (+3,3%).
A indústria de máquinas e equipamentos ocupou 79,1% da capacidade instalada em setembro, 2,4 pontos porcentuais acima da utilização de um ano antes. O setor empregou 426 mil trabalhadores em setembro, o que corresponde à criação de 28,4 mil vagas em um ano.
Foto
Agência Brasil/EBC
