Índices de aprovação da saúde são debatidos
Causou espanto e foi motivo de críticas em diversos setores, nas últimas semanas, a divulgação, pela imprensa e por órgãos oficiais do governo, de que a saúde pública de São Carlos teria índice de aprovação, da população, de aproximadamente 80%.
O estudo, muito contestado por oposicionistas, foi tema de uma palestra, na noite de anteontem (2), no auditório do Paço Municipal, onde seu autor, Jorge Oishi, dissertou sobre os resultados e esclareceu dúvidas acerca de como foi calculada a amostragem.
Oishi é licenciado em Matemática Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UNESP de São José do Rio Preto; Mestre em Estatística pelo ICMC (Instituto de Ciências Matemáticas e Comuputação) da USP São Carlos-SP; Doutor em Estatística pela Faculdade de Saúde Pública da USP e um dos profissionais mais respeitados da área.
Em sua palestra, ele explicou como foi realizado o estudo, quais bases de cálculos amostrais foram utilizadas, qual a parcela da população entrevistada e, principalmente, os resultados obtidos pela pesquisa e o alto índice de aprovação da saúde pública.
“É preciso entender o que são os 80% de aprovação. Foi realizado um levantamento sobre o desempenho do Serviço de Saúde Pública, onde foram analisados se houve a resolução do problema, a avaliação dessa resolução, a eficácia e os índices de excelência. Somados esses pormenores, temos a o índice. É preciso tomar cuidado com o que é divulgado, porque um cálculo amostral depende de inúmeras variáveis”, explicou Oishi.
A discrepância da avaliação com o “senso comum” da população foi um fator que chamou a atenção do estatístico, que se surpreendeu com os índices obtidos, uma vez que esperava um número menor de satisfação popular.
“Realmente esperava que a população reprovasse mais o sistema de saúde pública do município. Na análise dos dados, constatamos que o maior problema em relação ao tema é a forma como ele é levado à população, devido ao ‘efeito maritaca’: uma pessoa que não foi bem atendida tende a gritar e espalhar sobre o mau-atendimento. Essa informação, então, é assimilada e repassada, sem a checagem da veracidade do fato. Isso faz com que o senso comum seja negativo. Mas ao debater, individualmente, o que a população pensa sobre o SUS, a avaliação é completamente diferente”, ressaltou.
O próximo passo do trabalho, diz Oishi, é estender a pesquisa à outros municípios, como uma forma de analisar regionalmente os índices de satisfação da população quanto à saúde pública. Outro foco do trabalho é analisar, periodicamente, como a população vê o SUS, para promover ações de melhoria ou manutenção do trabalho desenvolvido.
“Tal amostragem nos abre um leque de opções, pois podemos repetir o questionário de satisfação em um curto período de tempo e analisar, periodicamente, o índice de satisfação. Também podemos executar a pesquisa de forma mais ampla, anualmente, para mensurar o quanto as ações desenvolvidas pelo poder público influenciam no atendimento médico”, afirmou Oishi.
O prefeito Oswaldo Barba (PT) ainda frisou a importância do trabalho para a administração pública, como mais uma ferramenta para a melhoria dos serviços médicos municipais.
“Quando realizávamos pesquisas, junto à população, a saúde sempre aparecia como problemática, mas não sabíamos avaliar, de forma precisa, o que incomodava a população, nem havia diferenciação entre serviço público e privado. Agora, temos uma ferramenta confiável que será de extrema avalia para o município, como um todo, pois nos permite suprir as demandas de forma mais precisa e ter uma resposta exata da população”, finalizou.{jcomments on}