SESC São Carlos rememora a obra de Leon Hirszman
O SESC São Carlos promove no início de março de 2020 a
mostra “O cinema engajado de Leon Hirszman”. Entre as obras
selecionadas que serão exibidas no evento estão o documentário “Deixa que eu
falo”, que conta a trajetória do cineasta, e o premiado filme “Eles não usam
Black-Tie”, com Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro. As sessões têm
entrada franca.
A mostra é uma tentativa de apresentar o cineasta ao público da Região Central
Paulista. “Leon é um cineasta pouco visto e discutido, e a intenção é
justamente cobrir esta lacuna. Muitos podem conhecer seus filmes, mas não ligam
a obra ao diretor, que é uma figura icônica do cinema novo, mas as pessoas
conhecer mais o Glauber Rocha” ressalta, Jeferson de Souza, animador
cultural e responsável pelo projeto. São cerca de 10 filmes que serão exibidos
em 8 datas.
Para o dia 17 de março, terça-feira, às 20h, haverá a apresentação do
documentário “Maioria Absoluta” com a participação do professor da USP Ismail
Xavier, que é crítico de cinema. Ele virá ao SESC São Carlos para falar sobre a
importância da obra de Hirszman. “O Leon implantou a captação do áudio de
cinema de forma direta. O curta tem 20 minutos de depois o professor falará
sobre o direto”.
O filme “São Bernardo”, baseado no romance de Graciliano Ramos tem Othon Bastos
com grande destaque, e o também documentário “ABC da Greve” estão entre as
outras obras a serem apresentadas. “Eles não usam Black Tie”, que originalmente
surge no teatro e se transforma em filme. “O filme debate temas que ainda
vigoram hoje. Os filmes são considerados emblemáticos na carreira dele e servem
como ponto de partida para ingressar na obra de Leon”, afirma Souza.
Leon Hirszman foi um dos fundadores do Cinema Novo, movimento que começou no
início dos anos 1960 e agrupava jovens diretores que revolucionaram a produção
cinematográfica no Brasil. Leon era um cineasta engajado com um cinema
nacional-popular, sem perder a chance de verbalizar suas ideias.
Leon Hirszman (Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1937 — Rio de Janeiro, 15 de
setembro de 1987) foi um cineasta brasileiro, um dos expoentes do Cinema Novo.
Ainda estudante de Engenharia iniciou suas atividades em cineclubes e ligou-se
a Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Viana Filho.
“Eles não usam black-tie” recebeu outros importantes prêmios como:
Grande Prêmio Coral Negro no 3º Festival Internacional do Novo Cinema
Latino-Americano, em 1981; Grande Prêmio do Festival dos Três Continentes e
Espiga de Ouro do Festival Internacional de Vallodolid, também em 1981, alem do
Prêmio Air France de 1982.
Leon morreu vítima de AIDS que ele contraiu durante uma transfusão de plasma
sanguíneo, depois de quase um ano de tratamento, deixando três filhos: Irma,
Maria e João Pedro, e sua companheira, Cláudia Fares Menhem.
PROGRAMAÇÃO
‘São Bernardo’
Brasil. 1972. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 111 min. Drama.
Baseado no romance de Graciliano Ramos e com trilha sonora de Caetano Veloso, o
filme acompanha a trajetória de Paulo Honório, um modesto caixeiro-viajante que
enriquece, valendo-se de métodos violentos, compra a fazenda São Bernardo e
contrata casamento com Madalena, a esclarecida professora da cidade. O conflito
se estabelece quando Madalena não aceita ser tratada como propriedade. Com
atuações marcantes de Othon Bastos e Isabel Ribeiro, o filme, que estreou em
1972, tornou-se um clássico do cinema brasileiro, tendo recebido vários
prêmios.
Dia 1/3, domingo, às 17h30
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 10 anos
‘Nelson Cavaquinho’
Brasil. 1969. P&B. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 14 min. Documentário.
Esse filme foi realizado como um contraponto à “Garota de Ipanema”.
Ao invés da Bossa Nova e da Zona Sul carioca, o interesse do cineasta volta-se
para as raízes da música popular brasileira. O resultado é um belo e pungente
registro do sambista em seu ambiente, conversando e tocando com amigos e
vizinhos, em casa, no bar, no terreiro. Cenas da vida no subúrbio mesclam-se às
memórias e improvisos, compondo um sensível panorama, ao mesmo tempo
melancólico e alegre, do compositor e da vida à margem da sociedade.
Dia 3/3, terça, às 20h
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Partido Alto’
Brasil. 1982. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 22 min. Documentário.
Concebido em estreita colaboração com Paulinho da Viola, Partido Alto é um
documento histórico e sincera homenagem à ”expressão mais autêntica do samba”
como o mestre Candeia definiu o gênero musical, marcado por improvisações. Esse
filme precioso de 1976, além de fixar a manifestação de certa pureza musical, a
simplicidade e a comunhão de gente bamba, firmava a posição contra a crescente
padronização do samba, imposta pelo mercado.
Dia 3/3, terça, às 20h
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘ABC da Greve’
Brasil. 1979-1990. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 89 min. Documentário.
Documentário de longa metragem sobre a primeira greve brasileira fora da
fábrica. Cobrindo os acontecimentos na região do grande ABC paulista, em 1979,
o filme acompanha a trajetória do movimento de 150 mil metalúrgicos em luta por
melhores salários e condições de vida. Sem obter suas reivindicações,
decidem-se pela greve, afrontando o governo militar. Este responde com uma
intervenção no sindicato da categoria. Mobilizando numeroso contingente
policial, o governo inicia uma grande operação de repressão. Sem opção para
realizar suas assembleias, os trabalhadores são acolhidos pela Igreja. Passados
45 dias, patrões e empregados chegam a um acordo. Mas o movimento sindical
nunca mais foi o mesmo.
Dia 8/3, domingo, às 17h30
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Eles não usam black-tie’
Brasil. 1981. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 134 min. Drama.
O filme debruça-se sobre os conflitos, contradições e anseios da classe
trabalhadora no final dos anos 1970, na crise final da ditadura militar. Tião,
jovem operário, namora Maria, colega de fábrica. Quando toma conhecimento de
que ela está grávida, resolve marcar o casamento. Mas as dificuldades
financeiras do casal são imensas. Nisso eclode uma greve. Otávio, pai de Tião,
líder sindical veterano, adere à greve mesmo contrariado com a decisão da
categoria, que lhe parece precipitada. O filho, indiferente à luta do pai e dos
colegas, fura a greve. O conflito então explode no interior da família.
Baseada em peça homônima de Gianfrancesco Guarnieri escrita duas décadas antes,
o filma cativou o público e a crítica, e recebeu vários prêmios, entre os quais
se destaca o Prêmio Especial do Júri do Festival de Veneza (1981).
Dia 15/3, domingo, às 17h30
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Maioria Absoluta’
Brasil. 1964. P&B. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 16 min. Documentário.
Filmado em som direto, o documentário retrata o cotidiano dos trabalhadores
rurais analfabetos do Nordeste que vivem na extrema miséria. Incapazes de
escrever são, no entanto, conscientes de sua condição e perfeitamente
habilitados a propor as soluções que esperam para os seus problemas. O filme
ficou proibido no Brasil até 1980, período em que foi exibido fora do Brasil.
Dia 17/3, terça, às 20h
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Bate-papo com o crítico e professor Ismail Xavier sobre o cinema de Leon
Hirszman’
Um dos maiores estudiosos de cinema no Brasil, o crítico e professor Ismail
Xavier, fala sobre a importância da filmografia de Leon Hirszman para o cinema
nacional. Ismail Xavier é pesquisador formado em Comunicação Social com
habilitação em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo (ECA-USP), fez mestrado e doutorado em Teoria Literária na FFLCH-USP
e PhD em Cinema Studies pela Universidade de Nova York. É também professor da
ECA-USP desde 1991.
Dia 17/3, terça, às 20h
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Cantos de trabalho no campo’
Mutirão, Brasil. 1975. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 12 min. Documentário.
Cacau, Brasil. 1976. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 11 min. Documentário.
Cana-de-Açúcar, Brasil. 1976. Cor. Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 10 min.
Documentário.
Entre 1974 e 1976, Leon Hirszman realizou três documentários produzidos pelo
MEC sobre os cantos entoadas pelos trabalhadores rurais nordestinos. Na
trilogia, há a documentação dos cantos de trabalho da cana-de-açúcar, de Feira
de Santana, dos plantadores de cacau, de Itabuna, e de mutirões, em Chã Preta.
É uma espécie de partido-alto do campo, uma roda de samba no trabalho, afirmou
o cineasta que confessadamente caminhava na trilha aberta por Humberto Mauro e
Mário de Andrade no resgate dessa prática cultural em vias de extinção.
Dia 22/3, domingo, às 17h30
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Megalópolis’
Brasil. 1973. Cor. Leon Hirszman. Dur.: 12 min. Documentário.
O documentário adota como referência histórica a cidade de Atenas, a megalópole
grega que incorporou de 40 cidades em 370 a.c. Atualizando a questão, o filme
discute o destino da região sudeste brasileira, que tem por centros Rio de
Janeiro e São Paulo, e questiona: temos capacidade de produzir um projeto mais
feliz para a humanidade?
Dia 22/3, domingo, às 17h30
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos
‘Ecologia’
Brasil. 1973. Cor.: Dir.: Leon Hirszman. Dur.: 13min. Documentário.
Primeiro documentário a tratar do tema, realizado no início da década de 70,
Ecologia denuncia os efeitos nefastos do crescimento industrial descontrolado
sobre o meio ambiente. É uma vigorosa denúncia contra a exploração desenfreada
dos recursos naturais e clama pela revisão dos padrões de comportamento para
evitar que o mundo físico, doente, venha a perecer.
Dia 22/3, domingo, às 17h30
Teatro
Grátis – Retirada limitada a 2 ingressos por pessoa, com 1h de antecedência.
Lugares limitados.
Não recomendado para menores de 14 anos.