Operadoras aéreas querem apoio de governos contra novo coronavírus
Em abril, perda de passageiros pode chegar a 10 milhões
Diante da redução de operações e de receitas, as operadoras
aéreas da América Latina querem apoio dos governos para compensar as perdas. O
pleito e os desafios durante a pandemia do novo coronavírus foram
apresentados em entrevista coletiva concedida na última
quinta-feira (16) pela Associação Latino-americana e do Caribe de
Transporte Aéreo (Alta).
Segundo estimativas da associação, deve haver uma queda de 25% do tráfego de
passageiros em março. Neste mês, a perda de passageiros pode chegar a 10
milhões no comparativo com o mesmo mês do ano anterior.
Contudo, pelo balanço da entidade, Brasil e México operaram em patamar “quase
normal”. A Alta também projetou as perdas em receitas para a região, que
diante da pandemia devem alcançar até os US$ 18 bilhões.
Um problema adicional derivado do cancelamento de voos e do ajuste das
operações é a demanda de resolução dos cancelamentos, como medidas de reembolso,
de crédito ou de remarcação.
O diretor executivo da Alta, Luís Felipe de Oliveira, apresentou as demandas do
setor para mitigar as perdas decorrentes dessa redução significativa de
operações.
“O que se pede é postergação para que não tenhamos que pagar de imediato ligado
a custos governamentais, de prorrogar os pagamentos para reduzir o impacto no
caixa das companhias aéreas”, ressaltou Oliveira.
O setor também deseja que as regras trabalhistas sejam flexibilizadas. O
intuito é poder demitir trabalhadores durante um período e recontratar parte
depois, quando a atividade voltar a um nível melhor.
“São trabalhadores especializados. Um piloto de avião, por exemplo, não vai ser
caminhoneiro. Queremos uma exceção temporal de pagamentos ou encargos sociais
para que tenhamos como ter essa mão de obra para que possa voltar a
trabalhar”, defendeu o diretor executivo.
No tocante às compensações, Oliveira defendeu a extensão do prazo para
reembolso. Segundo ele, a devolução concentrada em um curto espaço de tempo
pode ter um impacto muito grande no balanço das firmas.
Uma das formas de mitigar esse problema pode ser a abertura de linhas de
crédito por parte de instituições financeiras públicas. Essas seriam
importantes para contribuir no caixa das empresas áreas.
Brasil
No caso do Brasil, que representa 40% do mercado da região, foram apresentadas
propostas na linha da agenda formulada pela Alta. Em resposta, o governo
federal editou a Medida Provisória Nº 925 no dia 18 de março com
mudanças visando o socorro às empresas aéreas. Entre elas está a extensão do
tempo para pagamento de tributos e taxas até dezembro de 2020.
A MP também permitiu o cancelamento das passagens com transformação do valor em
crédito, sem necessidade de pagamento de taxas normalmente cobradas para este
procedimento. Além disso, estipulou o prazo para ressarcimento dos valores, que
passou a ser de até um ano.