A insatisfação e o mal-estar da civilização, por Malick
Por sua personalidade reclusa
– não aparece em público, não dá entrevistas -, Terrence Malick virou uma
espécie de J.D. Salinger do cinema. E um pouco como o autor de O Apanhador no
Campo de Centeio, sua obra expressa um sentimento de insatisfação, de mal-estar
pelos rumos da civilização.
Neste sábado (02) o Telecine Cult propõe um
duplo de Malick. Apresenta Cinzas do Paraíso, às 20h15, e Além da Linha
Vermelha, às 22 h.
O primeiro pertence a uma fase, nos anos 1970,
em que ele bebia na fonte de George Stevens. Em Terra de Ninguém, toda a
concepção e até o gestual do personagem de Martin Sheen vem de James Dean. Em
Cinzas do Paraíso, é a casa que evoca Reata, ambos, Jett Rink e o solar dos
Benedict, de Assim Caminha a Humanidade, de 1956.
O fugitivo Richard Gere finge ser irmão de
Brooke Adams. Arranjam trabalho na fazenda de Sam Shepard. Forma-se o
triângulo, e ainda tem a menina. O filme ganhou o Oscar de fotografia de 1978
(Nestor Almendros). Possui cenas belíssimas, uma, em especial. Os reflexos do
sol na taça quebrada, no córrego d’água.
Além da Linha Vermelha, a guerra como
experiência sensorial. Esquisito, mas de outro jeito não seria Malick.