Artista plástico Abraham Palatnik morre aos 92 anos, vítima da Covid-19
O artista plástico Abraham
Palatnik, de 92 anos, morreu neste último sábado (09) vítima da covid-19, no
Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o dia 29 de abril, no Hospital Copa
Star, em Copacabana.
Nascido em Natal, no Rio Grande do Norte,
Palatnik se tornou um dos maiores nomes na arte cinética, estética relacionada
à luz e movimento, mesmo que essa definição fosse contestada ao longo de sua
carreira. Na juventude, estudou engenharia na Palestina, durante os anos 1930 e
1940 e mais tarde se mudou para o Rio. Também desenvolveu trabalhos com
internos do hospital psiquiátrico do Engenho de Dentro.
Em 1951, na primeira Bienal de São Paulo, ele
chamou a atenção com uma tela com formas que se moviam como peixes em um
aquário. Ele também integrou o Grupo Frente, com Ivan Serpa, Ferreira Gullar,
Mário Pedrosa, Franz Weissmann, Lygia Clark e outros nomes dessa geração.
Palatnik sempre teve a pintura como referência,
mesmo ao criar seus aparelhos cinecromáticos mecanizados (como aquele da 1ª
Bienal). E ela voltava a afirmar sua primazia nas obras em acrílica sobre
madeira da recente série W, que, de certa forma, revisita as telas em óleo
sobre ripas de madeira do final dos anos 1970 e começo da década de 1980 – que
registram experiências radicais com cartões e metais cortados com precisão
cirúrgica.
Atualmente o artista tem obras expostas em
diversas instituições internacionais, como o MoMA, em Nova York, e o Museum of
Fine Arts, em Houston.
Para alguns críticos e especialistas, era
difícil enquadrar o trabalho de Palatnik no movimento de arte cinética, como
reconheceu o historiador de arte e professor britânico-brasileiro Michael
Asbury. O artista, justificou, “escapa entre os interstícios das
categorias”.
Segundo o crítico e jornalista do jornal O Estado de S. Paulo, Antônio
Gonçalves Filho, “seu vínculo com as
vanguardas neoconstrutivistas surge mais da relação intelectual com o crítico
Mário Pedrosa e com o pintor Ivan Serpa do que da afinidade com movimentos – e,
considerando o que apresentou já na primeira Bienal de São Paulo, a questão
abstracionista já não era mais problema para Palatnik, cujas primeiras
experiências em pintura foram retratos, naturezas-mortas e paisagens nada memoráveis.
Certamente não será o caso das pinturas mais recentes. Elas são iluminadas, em
mais de um sentido”.