ENTREVISTA!!!

Novo diretor do Ciesp São Carlos quer ampliar atuação regional e aproximar indústria do poder público

Foto: Paulo Mello/São Carlos FM

PAULO MELLO
São Carlos FM

O industrial Paulo Cesar Giglio assume, a partir de 1º de janeiro de 2026, a direção titular da Regional do Ciesp São Carlos, para o quadriênio 2026–2029, com uma meta clara: transformar a regional em uma entidade mais presente, mais integrada às 12 cidades que representa e mais próxima tanto das indústrias quanto do poder público. A afirmação foi feita durante entrevista ao vivo na manhã desta quarta-feira (3), durante sua participação no Primeira Página no Ar, da São Carlos FM 107.9.

“Queremos tornar o Ciesp mais regional. Hoje atendemos muito bem as indústrias de São Carlos, mas pouco conseguimos atingir as das outras cidades da regional. Esse é um desafio imediato”, destacou Giglio.

A diretoria que assume em janeiro também inclui os industriais Emerson Chu e Luiz Oliveira. Eles sucedem o atual diretor Marcos Santos — que, segundo Giglio, “fez um excelente trabalho, especialmente na renovação da estrutura física da sede do Ciesp”.

Giglio reforçou que o Ciesp São Carlos representa uma das maiores e mais diversificadas regionais do Estado. São 12 municípios: São Carlos, Ibaté, Ribeirão Bonito, Dourado, Trabiju, Boa Esperança do Sul, Descalvado, Analândia, Porto Ferreira, Pirassununga, Santa Cruz da Conceição e Santa Rita do Passa Quatro.

Segundo ele, a cidade de São Carlos concentra cerca de 3.400 indústrias, e a regional chega a 6 mil, mas apenas 150 são associadas, geralmente as de maior porte. “Queremos trazer pequenas e médias indústrias para dentro do Ciesp. O associativismo evita que o empresário enfrente as dificuldades sozinho. Ele descobre que não está isolado e aprende com a experiência de outros”, afirmou.

Questionado sobre o descompasso entre vagas disponíveis e mão de obra qualificada, Giglio foi direto. “Hoje há cerca de 20 mil vagas abertas no Estado de São Paulo por falta de qualificação”. Ele explicou que o sistema Fiesp–Ciesp, por meio do Senai, atua de forma intensa na capacitação profissional — inclusive com carretas itinerantes de ensino técnico que atendem municípios sem estrutura fixa.

Giglio também relatou um problema de ordem social. “Não é só qualificação. Há uma geração que não quer trabalhar. Já recebi candidato que chegou na entrevista acompanhado da mãe e do pai. Falta choque de realidade.”

Ele destacou iniciativas que levam palestras de empresários às escolas, como o modelo aplicado em Botucatu. “Funciona. O jovem precisa ouvir a verdade sobre o mercado de trabalho e as oportunidades da indústria, que é o setor que mais paga e mais oferece ascensão de carreira.”

“PONTO FORA DA CURVA”

Ao comentar sobre inovação, Giglio afirmou que a indústria local já nasce com DNA tecnológico. “São Carlos é um ponto fora da curva. As indústrias médicas, de materiais e outras já começam com base em tecnologia”.

Ele lembrou que empresas de grande porte, como a Electrolux, operam com processos avançados. “Hoje 70% a 80% da produção da Electrolux já é 4.0, com robôs e inteligência artificial.” E esclareceu um ponto polêmico. “Tecnologia não significa desemprego. Com falta de mão de obra, a automação vem para aumentar produtividade e qualidade, não para substituir trabalhadores.”

O diretor destacou o projeto Transformação Digital, criado há quatro anos pelo Ciesp. “Quase 4 mil empresas da regional receberam consultoria de transformação tecnológica. É um programa essencial para quem quer sobreviver no mercado atual.”

TARIFAS DOS EUA

Ao ser questionado sobre a taxação imposta pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros, Giglio avaliou a medida como equivocada. “Prejudicou primeiro os Estados Unidos. Muitas indústrias brasileiras tiveram dificuldade para exportar, e algumas vão mudar a operação para lá”. Ele citou um caso de Araraquara. “Uma indústria de cosméticos que exporta 90% para os EUA está mudando sua produção para dentro do território americano.”

Giglio defendeu maior integração entre entidades locais. “Já temos bom relacionamento com ACISC, OAB, USP, UFSCAR e Prefeitura. Agora queremos potencializar isso e criar núcleos específicos para manter diálogo direto com cada instituição”. Ele argumentou que projetos devem se transformar em políticas públicas. “Precisamos produzir conteúdo técnico que vire lei. Se o poder público fizer bem Saúde, Educação, Transporte e Segurança, já ajuda muito a indústria.”

O diretor reforçou a necessidade de se aproximar não só das indústrias, mas das prefeituras dos 12 municípios. “O poder público executa. O Ciesp fomenta. Se não houver alinhamento, nada avança. Em muitas cidades, ônibus passam só duas ou três vezes por dia perto das fábricas. Isso é um problema imediato que dialoga com competitividade industrial.”

Giglio deixou recado direto. “Não se isolem. Participem do Ciesp. Dividam suas dores, compartilhem ideias, aprendam com outros. Relacionamento é o maior ativo do industrial”, afirmou reforçando que a sede está aberta e que o Ciesp atende pequenas, médias e grandes indústrias, não apenas gigantes do setor.

COMO PROCURAR O CIESP SÃO CARLOS?

Segundo Giglio, basta acessar Instagram, Facebook e LinkedIn e procurar por “Ciesp São Carlos”. A sede física fica ao lado do Sesi, na Rua Cel. José Augusto de Oliveira Salles, 1515, Vila Izabel, em São Carlos. “Temos salas, cursos e estrutura para receber qualquer industrial da região. O Ciesp é para todos”, finalizou.

Assista a entrevista na íntegra:

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