Airton prorroga “validade” de “Geração Diretas-Já” até 2024
Ciclo político das lideranças que se formou nos anos 1980 vai durar mais quatro anos após a retumbante vitória do “homem do boné”
Serão 41 anos e oito prefeitos. De 1983 a 2024, São Carlos foi e continuará sendo administrada pela chamada “Geração Diretas-Já” ou “Geração Nova República”, que se formou relacionada ou no combate ou no apoio à Ditadura Militar, geriu o município no final do Século XX e nas duas primeiras décadas do Século XXI. Dos jornais de linotipo à mídia digital, dos velhos telefones fixos aos smartphones, quase tudo mudou de lá para cá, mas este grupo se manteve firme no comando da “Capital da Tecnologia”.
Em 1982, o MDB elegia o primeiro prefeito de sua história: o então jovem engenheiro formado pela USP, João Otávio Dagnone de Melo. Ele ficou no poder até 1988. Melo foi sucedido pelo populista Vadinho de Guzzi, numa época em que não existia reeleição. Amigo do então presidente Fernando Collor de Mello, Vadinho tocou muitas obras, principalmente na área de habitação popular.
Outro populista, Rubens Massúcio Rubinho chegou à Prefeitura em 1993. Naquela eleição, Melo tentava voltar ao poder e pela primeira vez figurava como candidato o empresário Paulo Altomani, colega de Melo na USP e seu ferrenho adversário político durante muito tempo.
Rubinho começou como o prefeito mais popular do Brasil e terminou com uma gestão cercada de denúncias e escândalos. A melhor notícia de seu governo foi a implantação da fábrica de motores da Volkswagen, que iria mudar o operariado e o sindicalismo de São Carlos anos mais tarde.
Melo voltou ao poder em 1997 depois de uma épica vitória em 1996 quando teve a proeza de reunir velhos adversários em torno de sua candidatura. O nome de seu vice era Airton Garcia num governo de coalizão. Tocador de obras, Melo asfaltaou todas as ruas do Cidade Aracy que não tinham a pavimentação. Ele também inaugurou o Shopping Center Iguatemi em 1997 e também a nova unidade do SESC no mesmo ano. Em 2000 ele participa das articulações para a implantação da TAM em São Carlos. Seu governo tinha grande aprovação popular.
Porém, numa campanha acirrada, o então desconhecido candidato do PT, Newton Lima chegou ao poder. A maré soprou a favor de Newton e de São Carlos a partir de 2003. Foi quando o metalúrgico Luís Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República. Newton se reelegeu em 2008 e emplacou a vitória de Oswaldo Barba em 2012.
Durante os governos de ambos, três grandes conquistas: a estação e tratamento de esgoto, o hospital universitário e o curso de Medicina marcaram a cidade para sempre. Além disso, durante os 12 anos de gestões petistas forma construídas mais de 4.000 casas populares.
A Era Petista parece ter se esgotado em São Carlos no ano de 20016. Enfim, Paulo Altomani, que concorria à sua sétima eleição, venceu a parada com 60% dos votos. Seu governo porém foi marcado por muitas polêmicas, processos judiciais e até o famoso caso do cofre, onde o servidor municipal Sérgio Monsignati confessou que descontava cheques de terceiros com recursos do cofre da Secretaria de Fazenda.
No final, Altomani quase foi cassado pela Câmara dos Vereadores e terminou seu governo com enorme rejeição. Candidato à reeleição amargou um quarto lugar. Além disso, ele emagreceu cerca de 50.000 votos em quatro anos.
Outra figura que há muito tempo buscava o poder era justamente o empresário Airton Garcia. Em 2016 ele, finalmente, conseguiu formar um grupo político coeso e venceu até com uma certa facilidade o pleito. Seu governo também foi marcado por muitas polêmicas. As grandes obras ficaram para o fim com os programas de recapeamento asfáltico.
A divisão de candidatos, a carência de opositores com maior base política, a política acertada na condução do combate à Covid-19 se somaram entre outros fatores para Airton manter a “Geração Diretas Já” no poder por mais quatro anos.