Rômulo Rippa: “Me preparei para o jogo político”
O jovem prefeito de Porto Ferreira destaca a valorização dos dirigentes locais em tempo de crise
Apesar dos apena 31 anos, Rômulo Rippa, reeleito prefeito de Porto Ferreira pelo PSD, está mostrando bastante maturidade. Nesta entrevista exclusiva ele nos fala de como conseguiu vencer as eleições, o que planeja para o novo mandato, assim como seus maiores desafios. Ele evita tripudiar sobre os adversários e não esconde sua admiração pelo ex-prefeito Dorival Braga, que outrora fora seu guru.
PRIMEIRA PÁGINA- Qual foi o segredo para se reeleger?
RÔMULO RIPPA – Acredito que não tenha um segredo, mas a reeleição foi fruto de muito trabalho, de muito planejamento e até mesmo de buscar os apoios políticos necessários. Fizermos um governo que estabeleceu novos paradigmas na gestão municipal e o resultado disso foi aprovado pela população.
PP- Por que em tempos de Covid-19, o povo reelegeu a maioria dos prefeitos que estão no poder?
RÔMULO – A situação que a pandemia trouxe, uma coisa inédita, certamente exaltou a liderança dos gestores locais. Aqueles que souberam conduzir melhor, equilibrando a questão do distanciamento, da saúde, e mitigando os prejuízos da parte econômica, que eram inevitáveis, certamente melhoraram seus índices de aprovação pela população. Aqui em Porto Ferreira montamos um comitê e tomamos muitas decisões acertadas, em conjunto, ouvindo os diversos segmentos envolvidos.
PP- Quais são suas prioridades para o segundo mandato?
RÔMULO – Todas as áreas são prioritárias, mas temos três áreas em que vamos empenhar esforços porque necessitam de um resultado mais imediato, que são o emprego, a saúde e a zeladoria do município. Na questão do emprego, nosso plano de governo traz duas ações principais, que é a criação de um novo distrito industrial, que possa atrair grandes empresas, principalmente por nossa condição geográfica privilegiada, e também implantar a mentoria empreendedora, oferecendo todo o suporte àqueles que têm vontade de empreender. Na saúde, a principal ação será o programa Saúde em Casa, com uma equipe multidisciplinar que atenderá os pacientes em suas residências, principalmente aqueles que não podem ou têm dificuldade de locomoção. E, por fim, pretendo desmembrar a Secretaria de Obras e criar a Secretaria de Meio Ambiente, Zeladoria e Serviços, para dar uma dinâmica maior a essas demandas.
PP- O que mais o senhor gostou de fazer neste primeiro e qual será seu grande desafio para o segundo mandato?
RÔMULO – Como falei no início, acredito que nossa marca e o que me orgulho de ter feito foi implantar uma mudança na cultura organizacional da Administração. Nomeamos um governo técnico, com profissionais muito competentes, que desenvolveu um trabalho sério e sem escândalos. Neste segundo mandato pretendemos consolidar esse processo, sempre em busca da eficiência no serviço.
PP- Como o senhor lidou com as polêmicas que surgiram ao longo de seu governo, como a desativação da Escola Sud Mennucci, o empréstimo de R$ 26 milhões para o Pacotão de Obras, a descoberta de um suposto funcionário fantasma e ainda o caso do motorista da saúde que foi flagrado no Motel em horário de trabalho?
RÔMULO – Quem construiu essas “polêmicas” foi a oposição. Todas as decisões tomadas ao longo dos últimos 4 anos foram refletidas e decididas em cima do interesse público e com o objetivo de melhorar os serviços oferecidos à população e a infraestrutura da cidade. É o caso da transformação da escola Sud Mennucci na sede da Secretaria de Educação e do pacote de obras que está atendendo a demandas de décadas, que nenhum outro governo conseguiu atender. Sobre eventual servidor fantasma, até hoje desconheço tal alegação. Gostaria que você eventualmente denunciasse. Sobre o motorista da ambulância, diferente do que acontecia no passado, a atual Administração não tem compromisso com o erro e quem erra paga o preço.
PP- Todos os analistas preveem um 2021 sombrio e tenebroso, principalmente se o presidente Bolsonaro extinguir o Auxílio Emergencial. O senhor tem algum Plano B para tocar a cidade em tempos de recursos minguados?
RÔMULO – As finanças públicas são controladas com austeridade pela nossa equipe. Apostamos na retomada de setores como a construção civil e os nossos ramos vocacionais da cerâmica artística e da decoração como incrementos da receita pública.
PP – O senhor guarda alguma mágoa dos seus adversários ou tudo ficou no passado?
RÔMULO – Eu trato a política no campo profissional. Não pessoal ou familiar. Portanto, me preparei para enfrentar o desafio do jogo político, principalmente conhecendo os meus adversários e o modo como eles agem.
PP – A maioria dos vereadores atuais foram varridos da Câmara pelo voto popular. Esta Câmara sempre bastante servil e parceira. O senhor teme uma Câmara mais fiscalizadora com a vitória de tucanos que são expressamente críticos do senhor, como João Lázaro e uma velha adversária e agora grande liderança do Legislativo, Viviane Santana?
RÔMULO – Acredito que a eleição da Câmara demonstra a relevância da pauta da saúde. Cinco dos 11 vereadores eleitos são desse segmento. Isso é natural neste enfrentamento de pandemia. Não haverá problemas com o relacionamento junto ao Legislativo. Primeiramente, porque já fui vereador, reconheço a essência do papel do parlamentar, e segundo porque sempre tive diálogo com todos os eleitos, mesmo antes do período eleitoral.
PP- O senhor nasceu politicamente no grupo do ex-prefeito e ex-deputado Dorival Braga. Como se sente agora, fora do grupo e tendo derrotado dois dos filhos de Dorival – Renata e André?
RÔMULO- Minha admiração e respeito pela figura do Dorival é muito grande. Chego a dizer que muito do que aprendi na política foi com ele. O fato de eventualmente eu ter me desligado do grupo porque não concordava com posturas e ações praticadas por alguns membros, e depois ter disputado eleições em campos opostos, não diminui minha deferência e carinho pela personalidade e história que o Dorival representa.
PP – O senhor acha que derrotou e exterminou o Braguismo? Qual a força do Clã depois das últimas eleições?
RÔMULO – Não vamos personificar a política. Isso é uma ilusão. Não existem patrimônios eleitorais eternos. O que determina o voto são os ideais e projetos políticos que cada líder representa.
PP- Como o senhor viu a derrota do seu amigo Luisinho Panone, que também enfrentou o prefeito no poder, Becão, que acabou reeleito?
RÔMULO – Luisinho Panone é um dos quadros mais qualificados da nossa política regional. Um amigo pessoal que teve meu apoio e continuará tendo meu incentivo para participar da política. A política precisa de renovação de ideias e iniciativas. Luisinho representa isso. E demonstrou sua força pela pequena margem de votos entre ele e Becão. Que, aliás, também é uma pessoa pela qual tenho grande respeito e carinho.
PP- Deixamos o espaço para suas considerações finais.
RÔMULO – Primeiramente quero agradecer novamente a Deus, à população, à nossa equipe, os parceiros, ao meu vice Dr. Saldanha, os familiares, por nos proporcionar essa oportunidade de liderar Porto Ferreira por mais 4 anos. Vamos manter a mesma linha de governo e espero que a participação do cidadão seja ainda mais forte na construção da cidade que queremos. Porque Porto Ferreira é a nossa terra, nosso futuro.