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“As intermitências da morte”, de José Saramago foi tema do CLiCA

É o segundo romance de José Saramago para o qual o CLiCA dedicou a tertúlia

22/11/2020 08h27 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
“As intermitências da morte”, de José Saramago foi tema do CLiCA Foto: Divulgação / UNICEP

No último sábado (14), durante a manhã, a tertúlia do CLiCA, Clube de Literatura, Cinema e Artes da UNICEP, foi sobre a obra “As intermitências da morte”, de José Saramago.

“É o segundo romance de José Saramago para o qual o CLiCA dedicou a tertúlia. O primeiro tinha sido em 14 de setembro do ano passado, presencialmente. Naquela oportunidade, a tertúlia foi sobre a obra ‘O Evangelho segundo Jesus Cristo’”, contou Marcos Gigante, docente responsável pelo CLiCA.

“A riqueza das obras de Saramago impressiona. Supõe-se determinada situação completamente inusitada, como a morte (entidade) que, por motivos revelados na obra e na tertúlia, (o CLiCA dá spoiler, necessário às discussões e porque supomos que a obra foi lida), suspende seus trabalhos. ‘No dia seguinte ninguém morreu’, a partir do inusitado, os seres humanos parecem repor suas estruturas sociais, econômicas, psicológicas, adaptadas à nova realidade. Isso tanto provoca reflexões profundas sobre nós mesmos e nossas práticas quanto leva a situações bastante cômicas, como o comportamento das companhias de seguros (morte simbólica obrigatória aos 80 anos), as funerárias (dedicadas aos animais de estimação agora), a igreja (sem morte, não há ressurreição, e agora?) – afinal, ninguém mais morre. Voltarão a morrer, e a morte vai se explicar, vai tentar um acordo com os seres humanos, sempre tão ambíguos e insatisfeitos. Virão as intermitências. E os motivos dos acontecimentos, revelados no final.”, explicou Gigante.

“Um dos trechos mais incríveis dessa obra sensacional”, segundo Gigante: “A morte pergunta-se onde estará agora Anfitrite, a filha de Nereu e de Dóris, onde estará o que, não tendo existido nunca na realidade, habitou não obstante por um breve tempo a mente humana a fim de nela criar, também por breve tempo, uma certa e particular maneira de dar sentido ao mundo, de procurar entendimentos dessa mesma realidade. E não a entenderam, pensou a morte, e não a podem entender por mais que façam, porque na vida deles tudo é provisório, tudo precário, tudo passa sem remédio, os deuses, os homens, o que foi, acabou já, o que é, não será sempre, e até eu, morte, acabarei quando não tiver mais a quem matar, seja à maneira clássica, seja por correspondência. Sabemos que não é a primeira vez que um pensamento destes passa pelo que nela pensa, seja aquilo que for, mas foi a primeira vez que tê-lo pensado lhe causou este sentimento de profundo alívio, como alguém que, havendo terminado o seu trabalho, lentamente se recosta para descansar.” (SARAMAGO, José. As intermitências da morte. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p. 167-168).

Gabrielle Carneiro de Jesus, estudante de Psicologia da UNICEP, participou da tertúlia. “Apesar de eu ter entrado recentemente no grupo CLiCA, e esse encontro ter sido o segundo, teve uma coisa que me despertou muita atenção no encontro: a profundidade de como é feita a tertúlia do livro, ou seja, de uma forma multidisciplinar. Tem coisas que passam até meio despercebidas quando lemos sozinhos, mas na discussão, o olhar fica tão mais amplo… Isso eu achei muito interessante. Estou gostando muito”, afirmou Gabrielle.

O encontro pode ser acessado aqui: https://bongo-sa.youseeu.com/spa/external-player/669904/577a185c3382e25ada6570054fa2fc9d/styled?lti-scope=d2l-resource-syncmeeting-list

Ainda em 2020, acontecerão tertúlias, sempre às 9h00 da manhã (on-line), confira a programação:

– 28 novembro – contos “Menino a bico de pena”, de Clarice Lispector e “A caçada”, de Lygia Fagundes Telles.

– 05 dezembro – A herança africana no Rio de Janeiro, tertúlia comandada por Paulo Sergio Martins Pedro, formado em História pela UNICEP. “A presença africana na cidade do Rio de Janeiro pode ser constatada em vários aspectos do cotidiano, herança viva nos costumes, na culinária, na música e na religiosidade, entre outros. Entre os locais abordados estarão a área Portuária (Pedra do Sal, Jardins e Cais do Valongo), ORTC (Tia Ciata) e o IPN (Instituto dos Pretos Novos); igrejas fundadas por Irmandades de Negros, o Museu do Negro; e a região ligada aos ritmos africanos e às matrizes do samba carioca”, afirma Paulo Pedro.

– 12 dezembro: tertúlia sobre a obra “A metamorfose”, de Franz Kafka.

O CLiCA é aberto à comunidade e a participação é gratuita. Inscrições: www.unicep.edu.br/clica.

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