Desempenho coloca equipe entre as 15 melhores do país; estudantes destacam evolução, preparação intensa e clima colaborativo do grupo de extensão GEMA
A edição 2025 da Maratona Brasileira de Programação trouxe mais uma conquista para o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. O time formado pelos estudantes Dante Brito Lourenço, do 4º semestre do Bacharelado em Ciência da Computação (BCC), Antônio Neto, do 6º semestre do BCC, e José Guilherme Santos Ribeiro, do 2º semestre do Bacharelado em Sistemas de Informação (BSI), garantiu a medalha de bronze ao terminar a final nacional na 15ª colocação. A competição foi realizada de 6 a 9 de novembro, em São Paulo.
A medalha representa mais um capítulo de uma trajetória construída pelo esforço contínuo do Grupo de Estudos de Maratona de Programação (GEMA), iniciativa de extensão do ICMC que reúne estudantes interessados em programação competitiva e que mantém rotina intensa de treinamentos ao longo do ano. “Ficamos muito felizes! Subimos 23 posições em relação à primeira fase e mostramos que podemos brigar ombro a ombro com times fortíssimos”, conta José Guilherme.
O aluno descreve o momento mais marcante da prova: faltando apenas sete segundos para o encerramento, o último problema foi submetido e o resultado final, já na cerimônia, confirmou a solução correta: “A gente quase não acreditou. Foi emocionante”.
Para o professor João Batista, coordenador do GEMA, o resultado confirma a relevância do ICMC no cenário nacional da Maratona. “O grupo mantém um ciclo contínuo de estudo, simulações e participação nas fases regionais e nacionais. A medalha é consequência da dedicação deles. O ICMC segue como referência no país”, afirma.
A coordenadora discente do GEMA, Pietra Gullo, acredita que o resultado deste ano reflete o amadurecimento técnico da equipe e a regularidade do treinamento. “Desde o início do ano, fizemos simulados longos todos os sábados, das 14 às 19 horas. Isso melhorou as estratégias que utilizamos durante a prova, ajudando a testar soluções e a rever pontos fracos”, explica.
A aluna também destaca que o ranking de 2025, mais distribuído entre os times, evidenciou a qualidade da solução apresentada pelo trio. “Ano passado, o 15º lugar foi definido por critérios de desempate. Este ano, nossa equipe resolveu seis problemas, enquanto o 20º resolveu cinco. Isso mostra avanço claro”, aponta. Ela ressalta ainda que o time ficou apenas a duas vagas da classificação para a etapa latino-americana, que será realizada em março de 2026 no Chile. “Faltaram pouquíssimas posições. A colocação geral na América Latina também ficou muito boa”, destaca.
Rotina intensa, espírito de equipe e oportunidades
Os três alunos chegaram ao GEMA no início da graduação, motivados por veteranos, e rapidamente se apaixonaram pelo desafio intelectual da programação competitiva. “Comecei nas aulas introdutórias que o GEMA oferece para calouros. Depois, participei da Olimpíada Brasileira de Informática e ganhei uma medalha, o que me motivou ainda mais”, conta Dante.
Antônio também destaca o impacto pessoal de ter participado da Maratona: “Cada problema é como experimentar uma comida diferente todos os dias. No começo, você não sabe nem por onde começar, mas, de repente, vem a ideia. Isso dá confiança para resolver qualquer coisa, na graduação ou na vida profissional”.
Já José Guilherme conheceu as olimpíadas acadêmicas no fim do ensino médio e viu na Maratona a chance de continuar competindo. Ele começou a treinar regularmente em março deste ano. “É um ambiente que estimula o raciocínio lógico, aproxima das empresas e cria amizades. Gosto muito da sensação de evolução contínua”, diz.
Durante os quatro dias do evento, os competidores participaram de atividades de integração, conversaram com patrocinadores como Nubank, QuintoAndar, NeoSpace AI e Incognia, visitaram o Museu da Imigração Japonesa e realizaram simulações preparatórias. “Foi uma experiência inesquecível”, resume José Guilherme.
Tradição do ICMC
A Maratona Brasileira de Programação é um evento organizado pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e integra a etapa regional das Américas do International Collegiate Programming Contest (ICPC), maior competição universitária do mundo. Durante cinco horas, centenas de equipes precisam resolver problemas complexos que exigem domínio de algoritmos, matemática e raciocínio lógico.
A edição de 2025 ocorreu simultaneamente em seis regiões latino-americanas, com a mesma prova para todos os países e correção centralizada pelos juízes da ICPC. Ao todo, participaram 573 times, sendo 66 brasileiros. No país, a equipe da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) foi a grande vencedora.
De acordo com Pietra, a equipe já está de olho na competição do ano que vem. “Ficamos muito próximos da classificação internacional, e esse é um objetivo real para o próximo ano”, finaliza. (Gabriele Maciel, da Fontes Comunicação Científica)
