Vacina contra Covid-19 na rede privada é remota, diz dono de clínica em São Carlos
Tema tem divergência de opinião entre os administradores das clínicas na cidade
O Primeira Página repercutiu na cidade a possibilidade das clínicas particulares adquirirem lotes da vacina contra do Covid-19 da Índia –Covaxin – junto à Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC).
A apuração mostrou que das cinco clínicas abordadas para repercutir a notícia veiculada na semana passada pela ABCVAC, a maioria acredita que será muito remoto o mercado privado de vacinação ter essas doses com rapidez para atender ao anseio da população por se vacinar.
O médico pediatra Vander Rezende, dono da Vaccine Imunizações, afirmou que gostaria de ter em seu rol de vacinas as doses contra da Covid-19. Entretanto, diz não acreditar que essas doses chegarão ao serviço privado. “Para que seja liberada a aplicação dessa vacina precisa passar pelo crivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa”.
Rezende relativizou ao afirmar que o País não tem ainda uma vacina aprovada pelo órgão fiscalizado nacional. “Nós não temos definição. Existem 40 países no mundo aplicando as vacinas criadas por laboratórios ingleses, chineses e norte-americanos e o Brasil está aí sem uma logística definida”.
“Estamos vivendo uma pandemia, a questão é pública. A vacina tem de ser para todos os brasileiros de diferentes classes, não só para quem pode comprar”, reforçou.
Para a doutora em Ciências, com Pós-doutorado em Genética pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e gerente administrativa da Clínica Previmune, unidade São Carlos, Terumi Hatanaka, as perspectivas são ótimas para que a rede privada venha a ter a vacina contra a Covid-19. “A rede privada tem um importantíssimo papel no histórico de vacinação do país e atua complementando o Programa Nacional de Imunização (PNI). Uma grande parcela da população procurará a rede privada, porque não fará parte do plano de vacinação do governo” ressaltou.
Terumi acredita que a vacina indiana Covaxin do laboratório Bharat Biotech terá um custo acessível para a população não coberta no primeiro momento pelo cronograma de vacinação do governo.
Rezende disse que a rede privada, por meio das associações que representam o segmento, tem feito contato com os representantes dos quatro laboratórios que produzem essa vacina. “Entretanto, nenhum sinal verde para o serviço privado”, observou.
Ele contra-argumenta que a Covaxin não tem pesquisa sendo feita no Brasil, o que é um inibidor para que a Anvisa aprove a medicação em território nacional.
Vacinas da rede privada
A rede privada brasileira de vacinação conta com 20 tipos de vacina que abrangem mais de 20 doenças, como explicou Rezende. “Existem vacinas que dão imunidade a mais de uma doença. Como, por exemplo, a tríplice viral que protege do sarampo, caxumba e rubéola”.
Entenda o caso
Clínicas particulares brasileiras negociam a compra de 5 milhões de doses de uma vacina contra a Covid-19 com o laboratório indiano Bharat Biotech. O imunizante, chamado de Covaxin, teve o uso emergencial aprovado na Índia no último fim de semana pelas autoridades de saúde locais. O governo da Índia – um país com 1,3 bilhão de habitantes – proibiu a exportação de doses da vacina nesse primeiro momento.
Geraldo Barbosa, presidente da Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC), afirmou que o imunizante não fará concorrência aos que serão fornecidos pelo Sistema Público de Saúde (SUS).
“A gente não quer nenhuma concorrência com as vacinas que serão fornecidas pelo sistema público. Tem que ser doses adicionais do que está sendo contratado pelo governo federal para não haver concorrência. E a Bharat Biotech é a única, por enquanto, que já abriu essa possibilidade real de fornecimento dessas vacinas. Estamos aguardando as outras indústrias”, afirmou.
