Saúde mental

Jornada no Hospital Universitário fortalece integração da rede de cuidados e destaca a importância da assistência humanizada

Na primeira semana de dezembro, o Hospital Universitário da UFSCar (HU-UFSCar) realizou, a I Jornada do Cuidado do Usuário em Saúde Mental “Discutindo as práticas na Rede de Atenção Psicossocial”, evento voltado à atualização profissional, troca de experiências e fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Durante os dias 03,04 e 05, a programação incluiu mesa redonda, oficina, minicurso, e palestras com equipes multidisciplinares discutindo os desafios da assistência em saúde mental, o aprimoramento da gestão e as estratégias necessárias para uma intervenção cada vez mais humanizada e resolutiva no sistema público.

No primeiro dia, as discussões se pautaram na perspectiva do ensino e os desafios da formação profissional em saúde mental. A mesa foi formada pela docente do departamento de medicina e coordenadora da residência médica em psiquiatria do HU-UFSCar, Juliana Prado; a coordenadora do programa de Residência multiprofissional em saúde mental da UFSCar, Alana Fornereto e o chefe da unidade de gestão de pós graduação do HU-UFSCar, Samuel dos Santos.

“Ao longo dos anos, temos percebido que muitos estudantes chegam apreensivos ao saber que vivenciarão um período de estágio na Unidade de Saúde Mental do HU-UFSCar. Mas algo especial acontece nesse percurso: após experimentarem o cotidiano do serviço, conhecerem as pessoas, as histórias e a potência do cuidado em saúde mental, a insegurança dá lugar ao encanto. Não raramente, são justamente esses alunos que escolhem voltar à Unidade para seus estágios eletivos — agora com olhar renovado, mais seguros e profundamente tocados pela experiência”, declarou Samuel.

Na parte da tarde, houve oficina prática sobre o cuidado em saúde mental nos diferentes cenários intra-hospitales, com análises de casos conduzidas por psicólogos e terapeuta ocupacional do HU-UFSCar. Em seguida, um minicurso sobre como tratar o paciente agitado.

No segundo dia de jornada, foi discutido a saúde mental da criança e do adolescente, conduzida por médicos da pediatria e psiquiatria que atendem essas demandas. Os dados apresentados mostram um cenário peculiar para essa geração

“Cada vez mais lidamos em nossa prática diária com o manejo de condições envolvendo a Saúde Mental da Infância e Adolescência, especialmente as situações de crise. Ter a oportunidade de falar sobre este tema no evento para profissionais de diferentes áreas foi gratificante e importante para encararmos com maior familiaridade possíveis situações emergenciais”, declara o psiquiatra e líder médico da unidade de saúde mental do HU-UFSCar, João Victor Gonçalves

Nesse mesmo dia, no período da tarde, houve um debate sobre o histórico da luta antimonicomial e porque a existência de leitos em hospitais gerais. A psicóloga Lara Cobuci conduziu a palestra, seguida por depoimentos de pacientes da unidade de saúde mental do HU-UFSCar. Depoimentos exibidos através de vídeos gravado por eles. A psicóloga também foi curadora da exposição “vozes emergentes”, onde os trabalhos desenvolvidos pelos internos da saúde mental estavam disponíveis para apreciação do público.

A programação do segundo dia seguiu com palestra sobre suicídio e antropologia das emoções, com olhares para além de um sujeito psicopatológico, finalizando com palestra sobre suicídio na infância e adolescência.

O último dia do evento contou com a palestra do professor Leon Lobo, referência no campo da saúde mental, que destacou a importância de uma rede articulada e sensível às realidades sociais dos pacientes. Segundo ele, “a atenção psicossocial só acontece de forma efetiva quando o cuidado ultrapassa a técnica e se compromete com a história, o território e o vínculo”, pontuou.

A programação desse dia também incluiu um debate sobre os desafios da Rede de Atenção Psicossocial, onde a diretora do núcleo de organização de Redes da DRS III, Marília de Moraes Fuzaro e a chefe de apoio à saúde mental da secretaria municipal de saúde de São Carlos, Carmende Oliveira Pereira, trouxeram dados e apresentaram a realidade atual da organização da Rede de Atenção à Saúde Mental no município de São Carlos e região.

Além de debates teóricos e estudo de casos, a Jornada reforçou a necessidade de ações contínuas, com equipes integradas entre atenção básica, serviços especializados, CAPS e hospitais gerais, construindo um atendimento que olhe para o sujeito em sua integralidade, e não apenas para o sintoma.

“A idealização de toda programação dessa I Jornada foi feita pela equipe da nossa Unidade de Saúde Mental, com o intuito de promover um espaço de reflexão e atualização sobre o cuidado ao paciente em saúde mental, que não está restrito à enfermaria de psiquiatria ou aos CAPS. Tivemos a participação tanto de colaboradores do HU, quanto da comunidade acadêmica e profissionais da área de Saúde Mental do município. Estamos muito satisfeitos com os resultados. As discussões foram riquíssimas e acredito que tenham contribuído para a maior integração dos serviços e para o aprimoramento do cuidado ao paciente”, avalia Daniela Olenski, chefe do Setor de Cuidados Especializados e coordenadora do grupo organizador da jornada.

O evento foi aberto ao público mediante prévia inscrição. Estudantes, residentes e profissionais da área se fizeram presentes e participaram ativamente das discussões.  “No primeiro dia, durante abertura, comentei sobre o histórico de atenção à saúde mental na nossa região e porque o HU-UFSCar se tornou referência nesse atendimento. Aqui realizamos práticas humanizadas que já fazem parte da rotina hospitalar, como o uso de espaços terapêuticos, a promoção do cuidado ampliado e o acolhimento de pacientes em sofrimento mental dentro das unidades. Então eventos como esses, nos ajudam a melhorar e desenvolver cada vez melhor nossas práticas de atenção à saúde”, disse a gerente de Atenção à Saúde do HU-UFSCar, Valéria Gabassa, durante encerramento da Jornada.

Com essa iniciativa, o HU-UFSCar reafirma seu compromisso com a formação permanente de profissionais e com o fortalecimento de um sistema público de saúde mais humano, acolhedor e eficiente.

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