Braga: “O Lápis pode escrever a história da indústria”
O professor Antonio Carlos Vilela Braga, diretor do Centro Universitário Central Paulista (Unicep) é historiador, articulista de jornais e um dos mais apaixonados pesquisadores da história de São Carlos. Nesta entrevista ele analisa os três símbolos da velha indústria são-carlense.
Qual a importância que os três símbolos da “Primeira Revolução Industrial” – Lápis, trator e geladeira – tiveram para São Carlos?
Antonio Carlos Vilela Braga – No governo J. K. a cidade aproveitou as oportunidades da política de metas para o desenvolvimento industrial especialmente o crédito oficial. São Carlos já tinha tradição industrial. O lápis já era produzido desde a década de 20. Mas nesse período prevaleceu o que pode se chamar de adaptação de produto existente. A geladeira e o trator foram adaptados de similares já existentes nos Estados Unidos. Já nessa época a industria têxtil, toalhas e tapetes ocupavam um importante lugar no parque fabril de São Carlos.
Como o sr. vê hoje o fato de, dos três, só restar o lápis? Por que, na sua opinião, isso aconteceu?
Braga – A economia estará sempre em mudança e a indústria também. O fechamento da fabrica de tratores merece estudo e pesquisa. Se a cidade deixou de fabricar geladeiras é preciso descobrir as verdadeiras razões. Em princípio as empresas deslocam produções e plantas industriais de acordo com seus interesses. O país o estado ou a cidade acabam sendo apenas hospedeiros do processo industrial.
Por que São Carlos tornou-se a Capital Mundial do Lápis, aliás fato não explorado pelos políticos locais?
Braga – São Carlos já produz lápis desde a década de 20, logo o título de capital mundial de lápis provavelmente é antigo e não sabemos porque a cidade nunca usou.
O sr. considera o lápis o melhor símbolo de uma cidade que se gaba de ser a Capital do Conhecimento?
Braga – O lápis pode ser mesmo um ótimo símbolo da cidade e como você já disse pode ser usado para escrever a história da indústria de São Carlos.