PAULO MELLO
São Carlos FM
O padre Kelmon (PL-SP), ex-candidato à Presidência da República em 2022, acompanhado do ex-prefeito Paulo Altomani, foi entrevistado na manhã desta sexta-feira (12), na São Carlos FM 107,9, em edição especial do Primeira Página no Ar. Em conversa longa e marcada por declarações contundentes, o religioso abordou política, educação, Judiciário, fé, eleições e economia, reafirmando seu posicionamento conservador e fazendo duras críticas ao governo federal, ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao que chamou de “doutrinação ideológica” nas universidades brasileiras.
Logo no início da entrevista, Kelmon apresentou o Foro do Brasil, movimento que fundou como contraponto direto ao Foro de São Paulo, que segundo ele, é uma organização criminosa criado por integrantes da esquerda. Ele ressaltou que a iniciativa tem como objetivo politizar a população, especialmente a juventude, estimular a participação direta na vida pública e formar lideranças conservadoras para ocupar cargos eletivos no futuro. O padre afirmou que o Foro já está presente em 16 estados e pretende alcançar todas as unidades da federação, além de expandir a atuação para outros países da América Latina. “A política direciona a nossa vida, e o povo precisa entender isso e ocupar os espaços de poder”, afirmou.
Ao tratar da educação, o ex-candidato adotou um tom abertamente polêmico. Kelmon declarou que as universidades brasileiras estariam dominadas por ideologias marxistas e gramscistas, classificando o ambiente acadêmico como espaço de “doutrinação” e não de formação técnica. Disse ainda que, se fosse presidente, promoveria uma ampla reformulação no sistema educacional, incluindo a substituição de reitores e professores que, segundo ele, atuam politicamente. “Educação liberta, mas não pode ser usada para alienar”, afirmou, defendendo professores “educadores e não doutrinadores”.

Outro ponto que gerou forte repercussão foi a posição do padre contra a lei de cotas raciais e sociais. Ele classificou a política como “uma idiotice” e disse que as cotas reforçam a divisão da sociedade. Para Kelmon, o foco deveria ser o acesso universal à educação de qualidade, sem distinção de cor ou renda. Em um discurso histórico, atribuiu à República — e não ao Império — a responsabilidade pela falta de inclusão social dos negros após a abolição da escravidão, citando a derrubada da monarquia e a destruição de projetos sociais da época.
No campo institucional, Kelmon também fez críticas ao STF. Embora tenha reconhecido a importância histórica da Corte, afirmou que a atual composição seria ideologizada. Em tom direto, declarou que, se tivesse poderes, substituiria todos os ministros e implantaria um modelo baseado em meritocracia, com provas e critérios técnicos para ingresso. “O problema não é a instituição, é quem a ocupa”, disse.
A entrevista também abordou temas eleitorais. Kelmon afirmou que aceita o resultado das eleições presidenciais de 2022 como expressão da vontade popular, mas criticou duramente o atual governo, classificando o terceiro mandato do presidente Lula como “o pior de todos”. Disse que o país vive um processo de destruição econômica, citando aumento da dívida pública, dificuldades das estatais e riscos futuros com a reforma tributária. “Em 2027, o país vai sentir o impacto real dessa reforma. Vai ser uma quebradeira”, alertou.
Sobre os atos de 8 de janeiro, o padre afirmou que se trata de uma “farsa” e uma “armação” para criminalizar adversários políticos, levantando questionamentos sobre imagens não divulgadas e responsabilidades ainda não esclarecidas. Também comentou ataques pessoais sofridos durante e após a campanha presidencial, incluindo questionamentos sobre sua ordenação religiosa. Kelmon explicou que pertence à Igreja Ortodoxa Apostólica do Peru, da qual é vigário episcopal no Brasil, e disse ter acionado judicialmente instituições que, segundo ele, o difamaram.
Encerrando a entrevista, o padre defendeu de forma enfática a participação de religiosos e pessoas de fé na política. Para ele, a ausência de valores morais no poder público abriu espaço para corrupção e má gestão. “A política é serviço, não enriquecimento pessoal. Se os homens de bem não ocuparem esse espaço, os maus continuarão mandando”, afirmou. Kelmon também admitiu a possibilidade de disputar cargos eletivos em 2026, caso seja convocado pelo Partido Liberal (PL), reforçando que segue ativo no cenário político nacional.
A participação do ex-candidato na São Carlos FM gerou ampla repercussão entre ouvintes, apoiadores e críticos, consolidando o tom polarizado da entrevista e reafirmando o perfil combativo que marcou sua projeção nacional durante os debates presidenciais.
Assista à entrevista do padre Kelmon, na São Carlos FM:
