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Restrições a bares e restaurantes levam segmento a rotas alternativas

Donos de estabelecimentos falam da nova rotina com delivery e drive-thru como alternativa para manter negócio aberto

08/04/2021 06h36 - Atualizado há 4 anos Publicado por: Redação
Restrições a bares e restaurantes levam segmento a rotas alternativas Foto: Jornal Primeira Página

A crise econômica imposta pela pandemia de coronavírus ao país obrigou os comerciantes de alimentos a encontrarem uma forma de driblar as restrições de distanciamento social para manter o negócio ativo. A opção pelo drive-thru e delivery, duas palavras importadas da língua inglesa para entrega no local e entrega em domicílio, mudaram não só o nosso vocabulário como a forma de ganhar dinheiro no segmento de alimentação em São Carlos (SP).

Para o empresário Afonso de Oliveira Júnior, do restaurante São Carlos, no Centro da cidade, a modalidade de entrega do produto em domicílio que representava 30% dos negócios passou a ser o carro-chefe das vendas. “A mudança provocou adequações, reduzir os benefícios dos funcionários para evitar cortes”,

“Muitos clientes se adaptaram a sua rotina ao delivery e se mantiveram fiéis a nossa comida. Outros optaram em fazer a própria comida. Não tem como negar que houve perdas significativas”.

Sem citar nomes para preservar a individualidade, Júnior disse que há empresários no ramo da alimentação, principalmente em shopping que tem registrados prejuízos de R$ 50 mil por mês. “Além de não ter lucro ainda têm de injetar dinheiro para cumprir com as obrigações fiscais da empresa. Muitos destes empresários estão trabalhando em dobro por ter a equipe reduzida”.

Uma situação mais trágica aconteceu com Diego Teixeira, do restaurante Vila Madá, na rua Dona Alexandrina, no Centro da cidade, que vendeu o ponto 70% mais barato do que comprou há sete anos. Ele contou que o seu estabelecimento ficou prejudicado em 2019 pela reforma da rua que passou por uma reestruturação de pavimento durante três meses, com impedimento do fluxo de veículos.

“Assim que o trânsito foi liberado veio a pandemia e fechou tudo de novo. Neste momento pensamos em fechar ou vender o ponto. Todo o processo para concretizar a venda demorou três meses e quem adquiriu percebeu que seria o momento para derrubar o preço da venda”, contou Diego.

Ele afirmou desistir do segmento de alimentação, pois o trauma foi grande. “Com a venda do ponto tivemos de pagar funcionários, impostos, cartão de crédito e tudo que envolve a manutenção de um restaurante”.

SINHORES – O vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de São Carlos e Região (SINHORES), Marcos Benetti, questiona as restrições de funcionamento dos bares e restaurantes. De acordo com ele, desde o início da pandemia o setor ficou fechado e depois funcionando com inúmeras restrições e a pandemia só aumentou. “Por que somos [bares e restaurantes] culpados se faz quase um ano que cumprimos o decreto e não resolveu nada? Ou o decreto não funciona ou o que está promovendo a contaminação são as aglomerações nas filas de supermercado e bancos”.

Na mesma sintonia, a dona do bar Carmélia, na zona oeste da cidade, Fátima Ravanelli, contesta as medidas restritivas. “Está provado que não são os bares os vetores de contaminação. Nós sempre adotamos as medidas de segurança, e, no entanto, o contágio só cresce. Sabemos que a Prefeitura tem de seguir o que é determinado e que não depende só deles”, relativizou.

Ela conta que o delivery tem conseguido manter o funcionamento, contudo encerrou todos os contratos de trabalho dos funcionários. Ela e a sócia Suely Domingues estão tocando o negócio. “Hoje nosso faturamento é de manutenção do ponto na expectativa de uma retomada. Atualmente estamos com perdas perto dos 80%”.

O vice-presidente do SINHORES estima que São Carlos tenha perto de 500 estabelecimentos no segmento de bares e restaurantes. Associados ao sindicato são 120 estabelecimentos. “Nossa estimativa é que na área coberta pelo sindicato [Brotas, Itirapina, Pirassununga e São Carlos] eram perto de 25 mil funcionários. São Carlos tinha em torno de 15 mil desse montante. Mas infelizmente esse número sofreu um baque forte na pandemia e muitos já foram demitidos”.

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