Quanto tempo dura proteção das vacinas contra Covid-19?
Especialistas afirmam que os estudos ainda buscam o entendimento do comportamento do vírus com a imunização
As vacinas são o primeiro passo para o fim da pandemia do novo coronavírus, mas a imunidade não começa imediatamente após tomar a segunda dose do imunizante, afirmou o Instituto Butantan. Caso uma pessoa tenha Covid-19 logo após se imunizar, isso não significa que a vacina não funcionou, mas que seu o sistema imunológico ainda não teve tempo para criar a resposta imune.
Pesquisas indicam que cada organismo reage de uma forma, dependendo de fatores como a faixa etária e o próprio sistema imunológico da pessoa. “Em geral, em duas semanas após a segunda dose estaremos protegidos, pois esse é o tempo que nosso sistema leva para criar anticorpos neutralizantes, que barram a entrada do vírus nas células”, afirmou o médico e diretor do Instituto Butantan, Dimas Tadeu Covas.
O intervalo usado nos testes clínicos da CoronaVac, a vacina do Butantan, para medir a resposta imune dos participantes. “Ainda vale lembrar que uma quantidade ainda maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, também variando de indivíduo para indivíduo”.
O diretor ressalta que é importante esperar, porém, que grande parte da população tenha sido imunizada antes de voltarmos aos antigos hábitos, para evitar contaminar outras pessoas, já que o indivíduo que tomou a vacina ainda pode transmitir o vírus. “Mesmo após a imunização, ainda será preciso manter medidas de segurança, como o uso de máscara e a higienização constante das mãos”.
VALIDADE – Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na regional de São Paulo, analisam o comportamento da imunidade nos vacinados e estão verificando que as vacinas seguem protegendo por quanto tempo quem já tomou. A possibilidade de vacinação anual não está descartada, mas ainda não há dados concretos.
Rodrigo Stabeli, pesquisador e diretor da unidade paulista da Fiocruz, afirmou que apesar do aumento na oferta de vacinas contra a Covid-19, ainda há uma importante pergunta que aguarda resposta: quanto tempo dura a imunidade produzida pela vacina?
“Especialistas afirmam que ainda não é possível prever, mas tudo indica que essa imunidade não será breve e, em um dos cenários possível, talvez a imunização contra o novo coronavírus passe a integrar as campanhas anuais”.
Segundo ele, o processo de vacinação contra a Covid ainda é muito recente e não deu tempo para que os cientistas pudessem observar os efeitos e a eficácia da vacina a longo prazo.
“A vacina surgiu em meio a uma emergência sanitária e ainda estamos aprendendo e observando o tempo de duração do efeito protetivo”, explicou Stabeli.
“É importante dizer que essa não é uma peculiaridade da vacina da Covid. É assim com todas. A vacina da meningite é o exemplo completo. Quando a vacina foi introduzida, nós também não tínhamos esses dados. São os estudos vindos com o tempo que vão nos dizer isso. Toda vacina passou por isso”, completa.
Os pesquisadores não excluem a possibilidade de ser necessário aplicar reforços vacinais para aumentar a proteção contra a Covid e as suas diferentes mutações.
“Pode ser que a gente tenha que fazer um portfólio de vacinação anual, assim como fazemos com a gripe”, comenta Stabeli. “Isso significa que não conseguimos erradicar o vírus da Influenza – causador da gripe. Mas, com a vacina, podemos conter a disseminação da doença”, completa.