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Lula e Bolsonaro tendem a polarizar disputa pela Presidência

A convite do jornal Primeira Página, cientista política Maria do Socorro Braga e filósofo Souza Júnior traçam panorama das eleições de 2022

21/04/2021 08h18 - Atualizado há 3 anos Publicado por: Redação
Lula e Bolsonaro tendem a polarizar disputa pela Presidência Fotos: Agência Brasil

A professora Maria do Socorro Sousa Braga, do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos – SP), e o filósofo Souza Júnior traçaram ao Primeira Página um panorama da eleição presidencial de 2022 com a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser o candidato do PT (Partido dos Trabalhadores) para entrar na disputa pelo Palácio do Planalto com Jair Bolsonaro.

Entre as questões que trazem especulação na sociedade está a polarização da disputa nas eleições presidenciais em 2022. Para Maria do Socorro é um fator que sempre existiu na política brasileira e não pode ser vista como um elemento negativo. “Ela é resultado do sistema eleitoral do país que é majoritário, e de dois turnos, que leva à polarização. Desde 1994 não houve uma força eleitoral que pudesse desbancar o PT e o PSDB do duelo eleitoral, e mais recente o PSL”.

Ela ainda indica que houve pontualmente candidatos que configurassem uma terceira via, mas sem condição de romper com a força política dos partidos hegemônicos e de maior coligação. “A polarização mostra o quanto o nosso eleitorado tem se dividido em dois grandes grupos e da mesma forma as nossas elites políticas se configurado em duas grandes coalizões”.

Para Souza Júnior, o fato mais concreto de que atualmente Bolsonaro ganharia as eleições de 2022, é o que levou a necessidade de uma polarização e de encontrar um concorrente de peso. “Se o Bolsonaro perdesse as eleições de 2022 para qualquer outra pessoa, não haveria necessidade de inocentar o Lula. Em outras palavras: não seria necessário criar uma polarização”, opina.

DISCORDÂNCIAS – O processo de democratização do Brasil está em curso, a polarização pode ser considerada um dos efeitos desta formação do eleitor, questionou o jornal. Neste sentido, Maria do Socorro diz acreditar que a polarização não seja um fruto da construção de uma democracia, mas sim um efeito do sistema eleitoral estabelecido, diante das regras eleitorais e da fragilidade de outros partidos que não têm força para romper com as grandes coligações.

O filósofo compartilha do raciocínio da professora, para ele, o país não consegue ter uma institucionalização partidária. Os partidos políticos têm sobrevida mediante alguma personalidade de nome. “Desde a redemocratização as eleições presidenciais foram polarizadas. Com FHC ganhando de Lula e depois Lula e sua indicada vencendo os tucanos. Em 2018 a personalidade de Bolsonaro sobressai a um partido político – tempo de televisão, dinheiro e coligações, vencendo as eleições”.

Souza Júnior acredita que em 2022 não será diferente. “O eleitor hoje acompanha as narrativas, que geram polarização. De um lado temos o pensamento de servir a pátria e de outro lado servir-se da pátria”, sentencia. Já nesta questão a cientista política discorda ao afirmar que as pesquisas de opinião pública mostram que neste momento Lula é o único candidato que consegue vencer Bolsonaro no segundo turno eleitoral.

OUTRAS FORÇAS – Entretanto, ela acredita que outras forças dentro da direita surgirão neste período pré-eleitoral utilizando a mesma pauta que elegeu Bolsonaro, conservadora, contudo menos radical.

Para o filósofo, a terceira via serão os renegados de Bolsonaro e os renegados de Lula. “Por isso, não conseguirão articulação e muito menos musculatura política para levar adiante o projeto eleitoral”.

O BEM E O MAL – Na avaliação dos entrevistados, conheça quais elementos Lula traz contra a própria candidatura, e na mesma perspectiva o que Bolsonaro tem contra si mesmo, como candidato.

Para Maria do Socorro, as denúncias de corrupção durante os 14 anos de mandatos do PT afetam a imagem do Lula e será um empecilho durante a campanha, por mais que o modus operandi que o levou a ser condenado se mostra contraditório. “Nem todo o eleitorado tem acesso a esta informação para compreender o que está sendo discutido na Justiça. O antipetismo construído pelo grupo que está no poder vai continuar sustentando uma pauta moralista que atribui elementos negativos ao PT”.

Souza Júnior, em uma percepção mais radicalizada, impõe a pecha de corrupto ao petista. “Lula tem na sua história a corrupção de um país. Assim como: Dilma Rousseff na sua conta”.

Ele já considera o governo Bolsonaro prejudicado nas suas ações com o Congresso boicotando os projetos como: escola militar e o armamento da população.  “O presidente tem oposição de parte dos governadores que recebem doses da vacina e omitem da população. Ainda conta com o Supremo Tribunal Federal que quer mandar no Executivo e Legislativo do nosso Brasil ao mesmo tempo”.

Para Maria do Socorro, a candidatura de Bolsonaro terá o peso da má administração da pandemia e vai amargar o número de mortos pela Covid-19. “Pesam ainda as atitudes autoritárias e um governo que tem em sua base militarizada em um momento democrático da nação”, conclui.

Entenda o caso

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou, na quinta-feira 14 de abril, a decisão do ministro Edson Fachin que, ao declarar a incompetência da 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba (PR), anulou as ações penais contra Lula por não se enquadrarem no contexto da operação Lava Jato. Por 8 votos a 3, o colegiado rejeitou recurso (agravo regimental) da Procuradoria-Geral da República (PGR) no Habeas Corpus (HC) 193726.

Segundo Fachin, relator, as denúncias formuladas pelo Ministério Público Federal contra Lula nas ações penais relativas aos casos do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula (sede e doações) não tinham correlação com os desvios de recursos da Petrobras e, portanto, com a Operação Lava Jato. Assim, apoiado em entendimento do STF, entendeu que deveriam ser julgadas pela Justiça Federal do Distrito Federal.

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