(*) Rui Sintra
Desde 1995 que o Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e o Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF) vvm desenvolvendo uma luta incessante contra diversas formas de câncer, sendo que o câncer de pele assumiu uma das principais prioridades, haja visto o número crescente de casos em todo o mundo. Através da implementação e aperfeiçoamento de diversas técnicas e o desenvolvimento de equipamentos inovadores, desde o ano 2000 a luta contra os tumores de pele não-melanoma tem sido intensa e constante. Para o pesquisador são-carlense e docente do Instituto de Física da USP São Carlos, Prof. Vanderlei Bagnato, o padrão ouro no tratamento do câncer de pele não-melanoma, de um modo geral, tem sido a cirurgia, que, como se sabe, envolve uma infraestrutura grande, com atuação de vários profissionais. Contudo, uma nova forma de tratamento emergiu com efetividade nesse período de tempo. Falo da chamada terapia fotodinâmica, uma técnica que combina um agente fotossensibilizador (um medicamento em creme) com uma luz de um comprimento de onda específico (LED ou laser) para destruir seletivamente tecidos doentes, e que pode ser realizada por um único profissional, aplicando um creme tópico, seguido de uma curta espera e a aplicação de luz. Nas conversas que tenho mantido com o Prof. Vanderlei Bagnato, ele confirma que em 95% dos casos o procedimento elimina uma lesão recente com até um centímetro de diâmetro, sem haver necessidade de cirurgia, o que é uma ótima notícia, já que muitos pacientes que apresentam câncer de pele não-melanoma têm também diabetes, o que pode complicar a realização de um procedimento cirúrgico. A terapia fotodinâmica, agora implementada no SUS graças ao trabalho da equipe de pesquisadores liderada por Vanderlei Bagnato, favorece muito o conforto do paciente, já que ele, na consulta, já sai tratado e sem tomar anestesia, sendo que o custo/benefício é enorme. Tudo isso vai ao encontro da perspectiva de que quem trabalha em ciência quer dar ao desenvolvimento de seus conhecimentos, dos seus equipamentos, uma relevância. Bagnato afirma que para se ser relevante, o pesquisador, o cientista, tem que resolver os problemas da nossa sociedade, sendo óbvio, para ele, que para a USP tudo que se tem feito é uma demonstração que a Universidade está totalmente vinculada às necessidades da sociedade brasileira, e no caso do câncer de pele, em particular, tem que se estar consciente de que surgem em torno de quase 300 mil novos casos de câncer de pele por ano em todo o Brasil. Além do câncer de pele, o Prof. Vanderlei Bagnato trabalha em outras formas da doença, como, por exemplo, o câncer de colo de útero e o HPV, sendo que sua equipe já iniciou um trabalho de multicentros. Também neste aspecto haverá um grande benefício para as mulheres brasileiras, já que os tratamentos das lesões de HPV e lesões do colo de útero poderão ser feitos também a nível ambulatorial e sem a necessidade de uma cirurgia mais extensa. Bagnato sempre reforça a ideia de que a chamada ação fotodinâmica não foi inventada por ele ou por sua equipe, sendo que os pesquisadores apenas tornaram o método mais seguro e efetivo, algo que tem provocado um reconhecimento mundial. Em suma, São Carlos na vanguarda científica e tecnológica!
(*) O autor é jornalista profissional/correspondente para a Europa pela GNS Press Association / EUCJ – European Chamber of Journalists/European News Agency) – MTB 66181/SP.
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