São Carlos ultrapassa 500 mortes pela Covid-19
Variação de óbitos de 2021 comparada a de 2020 é de 549,35%; Araraquara tem índice semelhante
Reportagem: Hever Costa Lima
Após 17 meses da pandemia do novo coronavírus e com 64,68% da população vacinada contra o agravamento da infecção pelo vírus, São Carlos (SP) chegou a 501 óbitos em decorrência da doença na tarde desta terça-feira, 10, como informou a Vigilância Epidemiológica, órgão ligado à Secretaria Municipal de Saúde.
A primeira morte na cidade ocorreu em 18 de abril de 2020. No final de dezembro do mesmo ano eram 77 óbitos. Só nos primeiros sete meses de 2021 ocorreram 424 óbitos relacionados à pandemia. O número é quase seis vezes maior que todas as mortes do ano passado. A variação, comparando os dois anos, é de 549,35% no índice de mortes pelo vírus.
Uma situação similar ocorreu em Araraquara (SP) que registrou 565 óbitos decorrentes de Covid-19, sendo 92 no ano passado e 473 este ano. A variação é de 513% no índice de mortes pela Covid-19. O número de 2021 é cinco vezes maior que o do ano passado.
CONTÁGIOS – São Carlos contabilizou até essa terça-feira, 10, mais de 26.523 casos positivos para COVID-19. Estão internadas neste momento 50 pessoas, sendo 15 adultos na enfermaria, 35 em leitos especiais para Covid-19 como Unidades de Cuidados Intermediários (UCI), Unidade de Suporte Ventilatório (USV) e Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Com isso, a taxa de ocupação dos leitos especiais para Covid-19 em UTI no convênio Sistema Único de Saúde (SUS) para adultos ficou em 47,73%.
Em Araraquara são 28.771 casos confirmados de Covid-19. Até essa terça-feira, 10, eram 68 pacientes internados e destes, 27 estão em enfermaria, sendo 26 confirmados e 1 suspeito, e 41 estão em UTI, sendo 39 confirmados e 2 suspeitos. A cidade registra taxa de ocupação de 28% de leitos de enfermaria e 48% de UTI.
ANÁLISE – A atualização mensal sobre a contaminação da Covid-19 feita pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) indicou que o acúmulo mensal de casos decresceu 19,37% e o número de novas mortes caiu em maior proporção (32,95%) entre junho e julho de 2021, o que representa 2.965 novos casos e 71 mortes por mês. Já a média mensal de internação mostrou queda nos
O médico epidemiologista e professor no Departamento de Medicina e no Curso de Pós-graduação em Gestão da Clínica – UFSCar, Bernardino Geraldo Alves Souto, responsável pelo levantamento considerou os indicadores da Fundação Oswaldo Cruz, da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos, que verificaram o controle alcançado da epidemia e mostraram que a transmissão comunitária do SARS-CoV-2 continua fora de controle na cidade.
“Pelo visto, a epidemia segue sem controle, instável e em elevado platô de incidência, de mortes e de internação, embora os números indiquem uma tendência tímida de queda, o que sugere ausência ou insuficiência das medidas de controle, que vêm sendo adotadas para conter a transmissão comunitária”, afirmou Bernardino.
ALERTA – A UFSCar, por meio do Comitê de Controle do Coronavírus, apresentou dados sobre o contágio e a letalidade do novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19 no mundo. O estudo indicou que as pesquisas em desenvolvimento admitem que a variante Delta do SARSCoV, além de mais transmissível que todas as outras mutações, pode também causar maior letalidade e maior resistência às vacinas.
Bernardino considera que as vacinas existentes no mundo ainda apresentam boa proteção contra as formas graves da doença, mesmo com o contágio da variante Delta. “Ao que tudo indica, a vacinação não consegue vencer ou barrar a alta transmissibilidade da variante Delta, todavia, colabora pela redução da mortalidade”.
EFICÁCIA – O documento da UFSCar considerou que a vacinação tem se mostrado pouco efetiva em impedir a transmissão comunitária da variante Delta, porém se mantém eficaz na redução das formas graves da doença. “Esta contingência tem a vantagem de reduzir a mortalidade por Covid-19 e a sobrecarga assistencial de saúde em ambientes com alta cobertura vacinal”.