Pais que têm mais de um filho ou cuidadores que tiveram contato com diferentes crianças em sua trajetória entendem sobre um fato: diferentes indivíduos precisam de diferentes níveis e tipos de cuidado e suporte para se desenvolver.
Por exemplo, é comum que uma criança com sua inteligência artística mais aguçada, goste de desenhar e precise de materiais, além da atenção dos cuidadores para não colocar tintas na boca, etc.
Diferente de uma que tem uma inteligência corporal mais expressiva e que desenvolve melhor em atividades físicas, caso no qual o cuidado seria para evitar um acidente ou lesão.
E se estas duas crianças são irmãs, criá-las pode ser colocado como um desafio até para os pais e cuidadores mais bem preparados, devido suas demandas e particularidades.
Mas, e quando para além das particularidades, existe uma neurodivergência?
O termo “neurodivergente” é usado de forma ampla na literatura e também de forma popular para denominar pessoas que têm algum sintoma neurológico ou cognitivo que as coloca para além do que é entendido como “normal”. Como: casos de TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), dislexia, dispraxia, discalculia, entre outros.
Devido a esse diagnóstico, o suporte necessário na criação destas é ainda mais intenso. O que pode fazer com que a criança neurotípica (que tem um desenvolvimento neurológico e cognitivo dentro do esperado para a idade) sinta-se com inveja ou colocada de lado, por haver um entendimento confuso da criança de que, aquele que precisa de mais suporte é “mais amado”.
E aí, seguem-se comportamentos como: isolamento, agressividade, seletividade alimentar, birras, insônia, inveja, raiva, desinteresse escolar e desafios as autoridades.
Isso porque esta criança se vê como excluída e até mesmo não amada. E com essa revolta busca evitar sofrer ao mesmo tempo que quer pertencer a algum lugar.
Assim, é preciso ser feito um trabalho com ambas as crianças, no caso do exemplo, de entenderem que o tanto de atenção ou suporte não necessariamente se iguala ao amor sentido por cada uma. É um trabalho psicoemocional. Além de ensinar sobre as diferenças e necessidades de cada uma ao crescer.
Os pais ou cuidadores precisam se atentar para não serem consumidos pelos diagnósticos, deixando os filhos neurotípicos de lado, pois “devem ser capazes de lidar com as coisas”.
Nessas situações, pode ser de grande ajuda o acompanhamento psicológico em terapia. Já que com o trabalho de um psicólogo pode ser feito este trabalho psicoemocional, dar um espaço para que os pais possam pensar e elaborar suas questões e também permitir as crianças lidarem com questões difíceis da sua idade e convivência familiar.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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