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Nova crise mundial será a da fome, alerta especialista

Silvio Crestana afirma que, além de desafios, Brasil terá a grande oportunidade ser o “motor” da segurança alimentar no planeta

07/08/2022 00h36 - Atualizado há 2 anos Publicado por: Redação
Nova crise mundial será a da fome, alerta especialista Marcello Casal/Agência Brasil

A próxima grande crise mundial será a da fome. Quem faz o alerta é o pesquisador e ex-presidente nacional da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Tecnológica), o físico Silvio Crestana. Segundo ele, uma série de fatores negativos, que vão desde a Guerra da Ucrânia até crises políticas em vários pontos do planeta e a hiperinflação que vai atingir todo o planeta estão gerando problemas muito sérios. “Temos que aumentar três vezes a produtividade para não haver fome no mundo. Sabemos que isso é impossível. Hoje, a fome atinge de certa forma quase um terço dos brasileiros, o que é muito grave”, destaca ele.

Porém, se por um lado o Brasil também sofrerá as consequências destes problemas, por outro lado, tal crise dará ao país a oportunidade de se tornar o grande motor da segurança alimentar do mundo. Isso, segundo Crestana, será possível se o Brasil fizer a “lição de casa”, investindo forte na pesquisa voltada para a produção de alimentos nas várias unidades da Embrapa e também em institutos de pesquisa em geral e universidades.

“Sou otimista e acredito que o Brasil tem tudo para ser o grande motor do desenvolvimento da segurança alimentar global. O Brasil tem tudo para ser protagonista neste processo. Nosso país, com as tecnologias que temos tem condições de gerar 40% dos alimentos do planeta para suprir países de baixa e média renda. Sabemos que nos países desenvolvidos, o problema é obesidade e não fome. Mas temos países da África e Ásia que enfrentam muito duramente a questão da escassez de alimentos”, comenta Crestana.

Dentro deste cenário ele vê o Brasil frente a vários desafios, mas também diante de uma grande oportunidade de se firmar como celeiro de alimentos do planeta. “É hora de construirmos um novo pacto mundial, tendo a segurança alimentar como foco principal, como grande meta a ser alcançada”, afirma o pesquisador.

DESAFIOS

Entre os desafios brasileiros estão continuar alimentando mais de 800 milhões de pessoas no mundo, continuar gerando mais de US$105 bilhões de saldo na balança comercial do Agronegócio, eliminar a fome na cidade e no campo, a subnutrição, obesidade e combater o desperdício. A estes se soma ainda diminuir a dependência de Insumos e melhorar a infraestrutura e logística, incluir cerca de quatro milhões de agricultores não tecnificados (inclusão sócio-digital).

Crestana ainda pontua que Brasil, como celeiro do mundo precisa também combater o desmatamento ilegal, as queimadas e lidar bem com os “rios voadores” e a Biodiversidade Tropical,  diminuir ou evitar o impacto sobre os recursos naturais e humanos quanto ao uso intensivo de agroquímicos desenvolvendo estudos e métricas que estimulem as boas praticas agrícolas e o pagamento por serviços ambientais (intensificação sustentável)

“Precisamos exercer a liderança em Agricultura Tropical Sustentável, protagonizar a cooperação internacional em ciência avançada e transferência de tecnologia tropical, revisitar a política de estoques reguladores reinvestir parte do saldo da Balança Comercial do agro nas instituições de educação, ciência e tecnologia visando o novo salto tecnológico para liderar a bioeconomia, agricultura digital, incentivar assistência técnica e a extensão rural fazendo uso das tecnologias digitais com forte trabalho de capacitação e treinamento e ainda incluir as ciências cognitivas(Soft Science) na agenda tecnológica”, conclui Crestana.

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