Profissionais com nível superior sofrem queda salarial em 10 anos
Embora seja comum as empresas reclamarem da falta de mão de obra qualificada no país, uma pesquisa que comparou dados dos Censos de 2000 e 2010 mostra uma queda de 5,9% no salário médio mensal dos trabalhadores com nível superior, principalmente daqueles que atuam em profissões da área de humanas ou ligadas à saúde.
O levantamento foi elaborado pelo economista Naercio Menezes Filho, do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) e da Universidade de São Paulo (USP), a pedido da empresa Brasil Investimentos & Negócios (Brain), associação mantida por bancos e entidades como a Federação do Comércio de São Paulo e a Bolsa de Valores de São Paulo.
Considerando, de acordo com o IBGE, que o salário médio para trabalhadores com curso superior em 2000 era de R$ 4.317 mil e em 2010 passou a ser R$ 4.060 mil, é possível constatar a desvalorização de 5,9%, no período de 10 anos.
Cursos como Administração, Filosofia, Jornalismo Marketing, Ciências Autuarais, Ciências da Computação, Farmácia, Hotelaria Matemática e Enfermagem foram os mais afetados pela desvalorização.
De acordo com a professora do Departamento de Administração da UFSCar, campus Sorocaba, Cristina Lourenço Ubeda, o principal motivo dessa desvalorização é o desequilíbrio entre oferta de profissionais qualificados e demanda em áreas carentes específicas.
O excesso de alunos formados que saem dos cursos de humanas e da área de saúde, com exceção da medicina, impulsiona para baixo os salários pagos a essas carreiras e prejudica até mesmo o desempenho salarial médio dos profissionais com nível superior.
“Os salários diminuem em áreas que formam mais profissionais do que o mercado consegue captar, assim como, o salário tende a se valorizar em áreas que ainda precisam preencher postos ociosos”, comenta Ubeda.
Do outro lado da moeda estão os cursos que tiveram aumento na última década, como Medicina, Área Militar, Engenharias Civil, Elétrica, Mecânica, Química entre outras, Ciências Sociais, Arquitetura e Estatística.
A professora ainda ressalta que, “considerando que o Brasil está consolidando sua estabilidade econômica internacional, acredito que a longo prazo, haja uma tendência de equilíbrio na relação oferta e demanda por vagas de profissionais qualificados. A tendência de futuro no mercado profissional é voltada para o empreendedorismo e a sustentabilidade organizacional”.
Uma das opções dos profissionais para minimizar estas diferenças salariais é buscar sempre desenvolvimento profissional, desenvolvendo não somente competências técnicas, mas também competências sociais.
Já no caso das empresas que empregam esses profissionais, Ubeda diz não há a muito a fazer, pois a responsabilidade da gestão da carreira cabe ao profissional, as empresas
direcionam o caminho para o desenvolvimento, apontando as áreas carentes
de colaboradores qualificados. Em geral, as atividades tutoriais de coaching são muito usadas.