Contra Haddad, PSDB reforça cerco ao PSD em São Paulo
Ao abrir mão da candidatura à prefeitura de São Paulo , a senadora Marta Suplicy (PT) obrigará o PSDB a reforçar as alianças em torno do candidato tucano que disputará a sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD). A direção do PSDB avaliava nesta sexta-feira a necessidade de agrupar forças na corrida contra o ministro Fernando Haddad, da Educação, provável candidato do PT.
Haddad é temido pelos tucanos por estar à sombra da popularidade – e do apoio irrestrito – do ex-presidente Lula. Os tucanos preferiam o confronto com Marta por duas razões: o isolamento parcial da senadora dentro do partido e as duas derrotas consecutivas que ela sofreu em São Paulo – perdeu para o ex-governador José Serra em 2004 e para Kassab quatro anos depois.
– Com Fernando Haddad ganhando força, ou fazemos uma frente ampla ou teremos problemas para enfrentar alguém carimbado pela popularidade do Lula – avaliou um tucano com assento na direção partidária, para quem as negociações com o PSD de Kassab devem ser intensificadas de agora em diante.
Os tucanos têm pressa em relação ao eventual apoio do PSD. Tudo porque o partido do prefeito não descarta candidatura própria. Recém-filiado à legenda criada por Kassab, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles é um nome que surge na bolsa de aposta dos pré-candidatos. Meirelles teria ingressado no PSD com a benção de Lula.
Para tentar minar o campo adversário, no caso, o PT, a cúpula tucana vai negociar com o prefeito Kassab uma antecipação de apoio a um nome tucano, mesmo que ainda não haja alguém definido. A ideia é mostrar que os dois partidos que governam São Paulo há sete anos estarão juntos também na disputa contra o PT, independentemente das escolhas.
Resistência de Serra à disputa deve aumentar – Ainda numa análise prévia dos tucanos, a saída de Marta reforçaria a resistência de Serra a disputar o cargo. O tucano, que estaria atento à movimentação petista, principalmente à cisão provocada pela possibilidade de prévias no PT, poderia recuar de lançar a sua candidatura diante da possibilidade de enfrentar um nome ligado ao ex-presidente.
– Enfrentar a Marta seria um cenário já conhecido pelo Serra. Agora, com o Haddad, é um tiro no escuro – observou um interlocutor tucano.
Além de contar com o isolamento de Marta no partido, Serra vinha ganhando pontos em popularidade, segundo pesquisas. Embora atrás da petista, o tucano despontava com as maiores chances de enfrentá-la. Em simulação com Serra, Marta teve a menor diferença. A ex-prefeita chegou a 29%, contra 18% do tucano, segundo Datafolha divulgado em setembro passado.
Uma eventual candidatura de Serra seria fortalecida com o apoio do governador Geraldo Alckmin, que, nos bastidores, trabalha por isso. Serra, por sua vez, evita qualquer desdobramento.