Dólar fecha em alta de 0,35% ante real após atuação do BC
O dólar encerrou o pregão desta sexta-feira, 15, em alta frente ao real, interrompendo uma sequência de duas sessões de baixa após intervenção do Banco Central. Operadores, no entanto, ainda enxergavam tendência de queda para a divisa.
O dólar fechou com alta de 0,35 por cento, a 1,9653 real na venda, chegando à mínima de 1,9497 e à máxima de 1,9703. Segundo dados da BM&F, o volume negociado ficou em torno de 3 bilhões de dólares.
A moeda norte-americana chegou a acelerar a alta perto do fim do pregão, mas analistas acreditavam que a apreciação era um ajuste técnico resultante da ação do BC.
“Pelo que estamos vendo, não houve notícia nenhuma, essa movimentação é muito mais uma coisa de realização técnica”, disse o economista-chefe do BES Investimento, Jankiel Santos. “Quando o volume é menor, como hoje, uma movimentação dessa é mais fácil de acontecer”.
O dólar atingiu a mínima na sessão pouco antes de o BC anunciar um leilão de contratos de swap reverso – equivalentes a uma compra de dólares no mercado futuro. Com a operação, a divisa tocou brevemente a máxima do dia.
Embora a operação tenha sustentado a moeda acima do patamar de 1,95 real – visto por alguns como o novo piso para o dólar – a interpretação da maioria dos analistas era de que a intervenção teve como objetivo controlar a volatilidade.
“A intenção continua a mesma, reduzir a volatilidade ao máximo. A questão do piso é tudo especulação”, disse o operador da H.Commcor Waldir Kiel, acrescentando que o mercado deve continuar testando a tolerância do BC a um dólar mais baixo.
“A movimentação do câmbio deve ficar entre 1,95 e 2 reais com a menor volatilidade possível”.
Uma importante fonte da equipe econômica afirmou à Reuters na quinta-feira que o governo está mais preocupado em reduzir a volatilidade do que em determinar eventuais patamares para o câmbio. A fonte indicou que o dólar poderia cair abaixo de 1,95 real se esse movimento ocorrer de forma suave.
Parte do mercado passou a apostar que o nível de 1,95 real tinha se tornado o novo piso para o dólar após o BC intervir por meio de um leilão de swap cambial reverso no fim da semana passada, quando preocupações com a inflação puxavam o dólar para o menor nível em nove meses.
Analistas apostam que, apesar das recentes intervenções do BC, a tendência é que o dólar continue a cair ante o real para ajudar no controle dos preços, uma vez que um câmbio mais valorizado reduz os custos dos produtos importados e alinha expectativas inflacionárias.
A política cambial, segundo esses analistas, poderia ser usada como ferramenta de combate à inflação antes de um ajuste na taxa Selic, atualmente na mínima histórica de 7,25 por cento.
No entanto, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou a jornalistas em Moscou que o câmbio não é instrumento para controlar a inflação, e sim os juros. Os comentários fizeram os contratos de DIs dispararem nesta sessão, com a maioria do mercado apostando em alta de 0,25 ponto percentual da Selic já em maio.