Eleições devem marcar despedida da ‘Velha Guarda’
Políticos que governaram São Carlos nos últimos 40 anos devem sair de cena
Caso um dos 5 ex-prefeitos se eleja, poderá gerar “sobrevida” ao grupo
A sucessão municipal de 2024 deverá marcar o final de uma geração de políticos que governou a cidade nos últimos 40 anos. Foram ao todo sete prefeitos, sendo que seis estão vivos e um está no segundo mandato.
A única possibilidade de uma “sobrevida” do grupo é se algum dos seis ex-prefeitos concorrer e ganhar o pleito do próximo ano. Pela própria idade, disposição e por questões de saúde os ex-prefeitos terão a última oportunidade de tentar conquistar a Prefeitura ou mesmo uma cadeira na Câmara Municipal.
Como, apesar das insistências do seu ex-rival Paulo Altomani, de ser candidato a prefeito numa chapa onde teria Rubens Massucio Rubinho como vice, Dagnone de Melo garante estar fora da sucessão municipal e Airton Garcia em seu segundo mandato não pode mais concorrer à reeleição, resta somente o ex-prefeito e pré-candidato a prefeito Newton Lima (PT).
Com grande força política, turbinada com a volta de Lula da Silva à presidência da República, Newton, caso seja eleito, poderá tentar uma reeleição em 2028. Caso outro candidato vença a disputa, a “Velha Guarda” sairá de cena após 40 anos de participação política ativa em São Carlos.
NOVA REPÚBLICA
Com os ventos da democracia soprando e a Campanha das Diretas Já, em 1982, um jovem engenheiro civil formado pela USP surpreende a cena política e é eleito prefeito. Dagnone de Melo, que governou a cidade de 1983 a 1988 num mandato de seis anos. Ele foi sucedido por Vadinho de Guzzi, que tinha o apoio do então deputado estadual colecionador de mandatos, Vicente Botta. Entre os prefeitos que governaram a cidade nas últimas quatro décadas, Vadinho é o único que morreu.
Em 1993 assume a Prefeitura de São Carlos Rubens Massúcio Rubinho. No seu primeiro ano de mandato ele foi eleito o prefeito mais popular do Brasil. Porém, sua gestão se envolveu em várias polêmicas.
SURGE O BALAIO DE GATOS
O ano de 1996 foi marcado por uma união de políticos que os analistas poderiam chamar de totalmente improvável. Até então grandes adversários, Melo e o empresário Airton Garcia se uniram a outras forças políticas adversárias como o grupo de Vicente Botta e a Família Amaral. Juntos formaram a coligação “Ação e Construção”, conhecida nos bastidores como “Balaio de Gatos”. Esta simbiose se tornou verdade e ganhou as eleições.
Assim, Melo voltou ao poder em 1997, em pleno auge do Plano Real. Neste período o presidente da República era Fernando Henrique Cardoso que naquele mesmo ano conseguiu fazer aprovar no Congresso Nacional uma Emenda Constitucional permitindo a reeleição. Em 1999 e 2000, Melo implementou um grande pacote de obras em São Carlos e tinha sua gestão aprovada pela grande maioria da população.
PT CHEGA AO PODER
Na disputa mais emocionante da história recente de São Carlos, o ex-reitor da UFSCar, Newton Lima, acabou vencendo as eleições por apenas 128 votos. Newton foi beneficiado pela guerra verbal entre Paulo Altomani e Melo. Assim, o PT chegou pela primeira vez ao poder em São Carlos.
Para a sorte de Newtão, como é mais conhecido, em 2002 Lula vence as eleições. São Carlos é beneficiada com grande pacote de obras e projetos sociais. Novidades como o Orçamento Participativo entram na pauta da cidade. A gestão Newton é aprovada e ele, além de se reeleger em 2004, elege também seu sucessor, o também ex-reitor da UFSCar, Oswaldo Barba. Em 2010, Newton é eleito deputado federal.
FINALMENTE, ALTOMANI
As eleições de 2012 vão marcar um desgaste na imagem do PT em São Carlos e vão eleger o candidato que mais tentou ser prefeito na história da cidade. Altomani concorreu ao cargo em 1992, 1996, 2000, 2004, 2008, 2012 e 2016, ou seja, em sete vezes. Ele conseguiu se eleger com uma votação histórica.
Em 2012, em sua sexta tentativa, ele conseguiu vencer as eleições. Sua vitória se deu de forma arrasadora com uma votação que dificilmente se repetirá. O empresário e então filiado ao PSDB, conseguiu 61.823 votos ou 48,91% do total.
O curioso é que ele foi tão bem votado, que o então prefeito Oswaldo Barba, do PT, conseguiu 53.776 votos ou 42,55% dos votos válidos, o maior percentual da história do partido.
Altomani também foi o político que, uma vez no poder, mais perdeu votos na sua tentativa de reeleição. De uma eleição para outra ele perdeu 47.727 votos. Tanto que baixou de 48,91% do total de votos, ou seja, quase 50% do total de votos válidos, para a vergonhosa quarta posição, com apenas 11,41% dos votos.
DUAS VEZES AIRTON
Em 2016, Airton Garcia se elegeu pela primeira vez. Ele durante seu primeiro mandato fez dois empréstimos bancários para obras de recapeamento do asfalto de vários bairros da cidade. Desta forma, ele “pavimentou” sua reeleição em 2020. Agora, com a saúde debilitada, deve, ao final do mandato, deixar para sempre a cena política.
OS PREFEITOS NA NOVA REPÚBLICA:
1983/1988 – Dagnone de Melo
1989/1992 – Vadinho De Guzzi
1993/1996 – Rubens Massucio Rubinho
1997/2000 – Dagnone de Melo
2001/2004 – Newton Lima
2005/2008 – Newton Lima
2009/2012 – Oswaldo Barba
2013/2016 – Paulo Altomani
2017/2020 – Airton Garcia
2021/2024 – Airton Garcia