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Pastor e ex-conselheiro espiritual de Trump é acusado de abuso sexual de criança

O abuso teria durado mais de quatro anos, segundo informações do jornal britânico The Guardian

19/06/2024 10h23 - Atualizado há 5 meses Publicado por: Redação
Pastor e ex-conselheiro espiritual de Trump é acusado de abuso sexual de criança Foto – Arte – JornalPP

Reportagem – Estadão Conteúdo

O pastor evangélico e ex-conselheiro espiritual de Donald Trump, Robert Morris, renunciou à função de pastor da “megaigreja” Gateway, fundada por ele e com sede na cidade de Dallas, no Texas, nos Estados Unidos. Morris admitiu ter tido um “comportamento sexual inadequado” após ser acusado de abusar sexualmente de uma menina de 12 anos na década de 1980. O abuso teria durado mais de quatro anos, segundo informações do jornal britânico The Guardian. O conselho de irmãos da instituição religiosa confirmou a renúncia de Morris à NBC nesta terça-feira, 18.

“O entendimento anterior dos presbíteros era que o relacionamento extraconjugal de Morris, que ele havia discutido muitas vezes ao longo de seu ministério, era com ‘uma jovem’ e não o abuso de uma criança de 12 anos”, dizem os líderes da igreja no comunicado.

“Mesmo que isso tenha ocorrido muitos anos antes do estabelecimento da Gateway, como líderes da igreja, lamentamos não ter tido as informações que temos agora”, afirmam. A igreja também anunciou que contratou um escritório de advocacia para revisar as alegações e garantir que tenham um entendimento completo do que aconteceu.

Morris foi acusado de abuso sexual por uma mulher de Oklahoma – e ele confirmou as denúncias em uma declaração para o site de notícias religiosas Christian Post. “Quando eu estava no início dos meus 20 anos, me envolvi em um comportamento sexual inadequado com uma jovem na casa onde eu estava hospedado”, disse.

A vítima, no entanto, atualmente com 54 anos, disse ao site estar “horrorizada” por ter sido descrita como “jovem”, pois era uma criança na época, e afirmou que levou décadas para processar a série de abusos. “Eu tinha 12 anos. Eu era uma garotinha muito inocente. E ele foi trazido para nossa casa. Ele e sua esposa, Debbie, e seu filho, Josh, pregaram na igreja que meu pai ajudou a iniciar”, contou. “Levou décadas para meu cérebro entender isso depois que me tornei adulta”, disse.

Também ao Christian Post, Morris disse que, quando suas ações foram reveladas, em 1987, ele se confessou e se arrependeu, se submetendo ao conselho da igreja Shady Grove (que, mais tarde, se tornou parte da Gateway) e ao pai da “jovem”, o que teria resultado em sua saída do ministério para receber aconselhamento Ele explicou que regressou ao ministério em 1989, “com a bênção do pai da sobrevivente” e do conselho da sua igreja. Mas a vítima do abuso nega essa versão.

A sobrevivente destacou ao Christian Post que Morris não teve nenhuma bênção de seu pai para retornar ao ministério. Segundo ela, quando seu pai descobriu sobre o abuso, ele disse à igreja que, se Morris não saísse, ele iria à polícia, o que forçou a saída do pastor por dois anos. “Meu pai disse a Morris que ele tinha sorte de não ter sido morto por ele (meu pai)”, afirmou a sobrevivente ao site.

Inicialmente, a igreja Gateway havia dito ao canal de notícias local de Dallas, WFAA, que o “assunto de 35 anos” havia sido resolvido. “O pastor Robert tem sido aberto e franco sobre uma falha moral que teve há mais de 35 anos, quando estava na casa dos 20 anos, antes de fundar a igreja Gateway. Ele compartilhou publicamente do púlpito os passos bíblicos adequados que tomou em seu longo processo de restauração”, declararam anteriormente seus representantes. A igreja mudou seu posicionamento, no entanto, quando seus líderes descobriram que se tratava do abuso de uma criança de 12 anos.

O pastor nunca foi acusado criminalmente. No momento em que decidiu entrar com uma ação legal, a vítima foi advertida que o prazo de prescrição para ações criminais ou civis provavelmente havia expirado.

O religioso foi nomeado para o conselho consultivo evangélico de Donald Trump durante sua campanha presidencial de 2016. Em uma mesa redonda de 2020, com líderes religiosos no Texas, o então presidente Trump chegou a agradecer a participação de Morris e de outro pastor no evento.

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