Disforia de gênero, como é se sentir no corpo errado?
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O tema da disforia de gênero voltou às notícias recentemente devido a dois fatores. Primeiro: devido a transição de Maya Massafera, apresentadora e produtora de moda; e, segundo, de que o mês de junho é reconhecido como o “mês do orgulho LGBTQIA+”, um mês de conscientização e debate sobre questões de gênero e sexualidade.
Mas, antes de se entender exatamente o que é a disforia de gênero, é preciso entender o conceito de “gênero” ou “identidade de gênero”.
Para a escritora e filósofa Judith Butler, o gênero inclui a forma que alguém se expressa na sociedade e na cultura, seja essa uma forma mais feminina ou masculina. Nessa lógica, a pessoa pode agir de acordo com o sexo biológico (que é aquele determinado ao nascer de acordo com as características de uma genital) ou não (pessoa com a identidade trans).
Já a disforia de gênero ocorre quando há uma diferença entre a identidade de gênero e o sexo biológico. Desse modo, a pessoa com disforia sofre de uma angústia persistente (como depressão, ansiedade ou até mesmo tendências suicidas), irritabilidade e comprometimento nas suas funções diárias. Isso devido a distinção dentre: o que se espera que ela seja (devido as suas características físicas) e quem realmente é.
Por isso, a pessoa de identidade trans busca novas formas de se expressar ou de mudar a si mesma (através da retirada dessas características físicas) para uma forma em que se sente mais confortável. Seja através de roupas, nomes ou procedimentos.
É comum que essas pessoas descrevam estar vivendo em “um corpo que não é delas”. Ou que partes dos seus corpos (como os órgãos genitais ou barba, por exemplo) são aversivas para si. E tais sentimentos geralmente começam na infância.
Nos casos das crianças com disforia, frequentemente, ao chegarem à puberdade a disforia tende a desaparecer. Contudo, há situações em que os sentimentos se intensificam. Por isso, a aversão ao corpo pode aumentar na medida que se chega à adolescência e suas características sexuais secundárias se desenvolvem (como pelos no corpo). Isso ressalta a importância do acompanhamento com um profissional adequado.
É importante evidenciar também que a disforia de gênero possui um diagnóstico independente de qualquer transtorno mental ou delírio. Já que a maioria das pessoas com disforia de gênero não sofre de questões psiquiátricas subjacentes, segundo a WPATH (Associação Mundial Profissional para a Saúde Transgênero).
Por fim, o tratamento para disforia de gênero deve ser feito junto a profissionais da saúde mental, como psicólogos e psiquiatras. E inclui: a transição social (poder viver com o gênero que se identificam); terapia hormonal; pode incluir a cirurgia de confirmação de gênero e processos estéticos complementares. E a psicoterapia para tratar: angústias, ansiedades, depressão, ideações suicidas, questões relacionadas ao uso de substâncias, além de preconceito. Ademais, o apoio de amigos, familiares e comunidade é importantíssimo.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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