Gordofobia médica, a busca pela saúde que só encontra preconceito
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A gordofobia é o preconceito direcionado a pessoas acima do peso considerado ideal por um padrão estético. E, é a partir deste que são: desvalorizadas, humilhadas, hostilizadas, estigmatizadas, impedidas de frequentar determinados espaços e consideradas doentes (mesmo que não estejam).
Embora a gordofobia não seja considerada crime, segundo o Senado Federal (2020), o agressor pode ser penalizado por: injúria, danos morais, infração disciplinar ou na esfera trabalhista.
Como esse preconceito é perpetuado socialmente devido aos padrões de estética impostos, sua reprodução pode ser consciente ou inconsciente. E, no campo da saúde, ele se manifesta de forma sutil, mas enraizada.
Se expressa quando o paciente é desumanizado, desacreditado e não acolhido frente as suas opiniões e direitos sobre seu próprio tratamento. E nas restrições de possibilidade de acesso aos espaços de saúde, ou seja, impede o direito a saúde de uma parcela da população.
A gordofobia médica é um preconceito que remete a toda a uma equipe de saúde. E também impulsiona conjuntos de práticas e tratamentos que estimulam o emagrecimento a qualquer custo, mesmo que isso leve a um constrangimento, prescrições compulsórias, injeções, cirurgias e a riscos de saúde.
Além disso, devido ao preconceito, há a ideia errônea de que pessoas gordas são desleixadas, indisciplinadas ou preguiçosas. E que, portanto, os tratamentos de saúde deveriam se resumir a uma perda de peso, e não a um programa de cuidado individual e orientado.
Nessa lógica, os sinais, sintomas e doenças da pessoa gorda costumam ser desconsiderados ou atribuídos totalmente ao sobrepeso. Levando a atendimentos médicos incompletos e diagnósticos superficiais e generalistas, focados apenas no peso do paciente.
Isso porque, quando os conhecimentos técnico científicos não acompanham a possibilidade de diferentes corpos, há uma passagem de juízo profissional, para o moral, o que origina um ataque direto na autoestima e valores dos pacientes.
Uma pesquisa psicológica realizada em 2024, sobre gordofobia médica, encontrou que as principais causas para que esse julgamento ocorram, são: despreparo profissional, reprodução de estereótipos e piadas, negligência, repulsa pela pessoa gorda, desrespeito para com ela, autoritarismo de saber da equipe de saúde e falta de espaços e equipamentos adequados para esses atendimentos.
Devido à todas essas violências verbais e psicológicas, o paciente se vê desassistido no momento em que buscou ajuda. A pessoa, então, tem seus direitos tomados e seu acesso a saúde restrito.
Tudo isso pode suceder em: transtornos ansiosos, depressivos, de alimentação, corporais, de autoestima, resistência ou desistência de busca por tratamentos de saúde e até mesmo suicídio.
Diante disso, se faz importante dar mais espaço para ouvir as pessoas que sofrem com esse preconceito e suas narrativas, se instrumentalizar para realizar um atendimento mais humanizado e combater esse preconceito ativamente. E na psicoterapia é também possível lidar com as angústias e questões que surgem como resultado desse preconceito.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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