Vício em jogos de azar e apostas online
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Na mídia os jogos de azar na sua modalidade online têm ganhado notoriedade. Sejam os “BET’s” (apostas esportivas) ou outras modalidades, como o famoso “tigrinho” (caça-níqueis). Sendo que, por definição, os jogos de azar são aqueles de resultado incerto, definidos em vários graus pelo acaso e sem resultado garantido.
O que denuncia a necessidade de uma discussão da compulsão que vem se tornando epidemia e resulta em preocupação imediata dos profissionais da saúde mental.
Para a psicologia, o jogo patológico (ludomania) é: o apostar compulsivo (de qualquer valor) em jogos de azar, apesar dos resultados negativos, mas que levam a sensações de medo, prazer, euforia, excitação, bem estar, poder e sucesso, devido aos riscos. Nesses casos, o indivíduo perde o controle de seu comportamento, assim como do dinheiro e tempo gastos.
Isso pode levar a: problemas monetários, familiares, de trabalho, interpessoais (perdas de amizades e divórcios), acadêmicos e emocionais.
Um ponto a ser considerado, é que o componente psicossocial que cercava a ludomania, agora não existe mais. Antes era necessário se deslocar até uma casa de apostas, ter certo grau de consciência sobre suas ações e estar sujeito a um estigma. Hoje qualquer pessoa com computador ou smartphone pode, escondido, acessar os sites e aplicativos de apostas.
E, na lógica desse transtorno, um dos primeiros sinais a serem identificados, são as perdas econômicas. Essas podem incluir desde pequenos valores até todas as economias da pessoa.
Isso, pois o indivíduo tenta sempre recuperar o perdido com o aumento de valores, buscando mais prazer; se esforça para controlar as apostas e se irrita quando não consegue; usa o hábito nocivo como fuga; mente para a rede de apoio; e pode recorrer a até a atos ilegais para conseguir dinheiro a fim sustentar o vício.
É costumeiro que se tente ajudar a pessoa viciada a se recuperar. No entanto, como há a ilusão de que é possível ganhar tudo que foi perdido através de uma nova aposta, ocorrem recaídas. A rede apoio, então, já danificada e sem confiança, é extinguida.
Outro fator que contribui para o início do vício é sua perpetuação e, para as recaídas, os “influenciadores digitais”: pessoas com notoriedade nas redes sociais, que vêm enganando o público, ostentando falsos resultados positivos e vidas de luxo que viriam após inúmeros ganhos de apostas consecutivas.
Essa atitude leva à impressão de que as apostas tem um retorno fácil e garantido. Isso resulta em autossabotagens pelo indivíduo que está tentando se livrar do comportamento viciado.
Pesquisas psicológicas também evidenciam que há prevalências de transtornos que ocorrem junto ou que se sucedem a partir do jogo patológico, dentre eles: dependência de substâncias, transtornos afetivos, de humor, de personalidade (especialmente antissocial), ansiosos, depressão e ideações suicidas.
Deste modo, se faz imperativo o tratamento destes casos por profissionais da saúde mental. Com a terapia com um psicólogo, é possível, por exemplo, ter ajuda para lidar com as consequências psicológicas e sociais resultantes do transtorno, a reconstrução e envolvimento da rede de apoio e buscar uma melhora. Ademais, pode se fazer necessário o uso de medicações (receitadas devidamente por um médico psiquiatra) para os transtornos que se sucederem.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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