Aborto: “É a posição de Herodes”, diz bispo de São Carlos
No último dia 21, o Conselho Federal de Medicina (CFM) lançou documento em que concorda com a Reforma do Código Penal que afasta a ilicitude do aborto nas seguintes situações: a) quando “houver risco à vida ou à saúde da gestante”; b) se “a gravidez resultar de violação da dignidade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida”; c) se for “comprovada a anencefalia ou quando o feto padecer de graves e incuráveis anomalias que inviabilizem a vida independente, em ambos os casos atestado por dois médicos”; e d) se “por vontade da gestante até a 12ª semana da gestação”.
Segundo documento, a entidade defende a manutenção do aborto como crime, mas acha que a lei deve rever o rol de situações onde há exclusão de ilicitude, e para isso tomou como base “aspectos éticos, epidemiológicos, sociais e jurídicos”.
Para o bispo de São Carlos, Dom Paulo Sérgio Machado, a posição do CFM é a de Herodes: “A posição é: mandar matar. O grande problema dessa realidade é que eles ficam abrindo janelas para depois fazer dessas janelas portas: primeiro vem a questão do aborto em caso de estupro, agora vem essa questão do terceiro mês. De repente pula para cinco, e depois se pode matar com 9 meses”, diz.
Para ele, estamos vivendo em um mundo sem Deus e que não tem fé, e no qual a vida é uma circunstância relativa, e não um valor absoluto: “Se existe algo que a Igreja não negocia é a vida. E para a Igreja o começo da vida é na concepção, e vai até a morte natural”. Sobre a questão do direito da mulher ao próprio corpo, ele diz: “Ela é dona do seu corpo até certo ponto. A partir do momento em que ela teve uma relação e foi concebido um filho ela deixa de ser dona do seu corpo”.
Nelson Nunes, Presidente do Conselho de Ministros Evangélicos de São Carlos (Comesc), diz: “Para curar o aborto é preciso curar as situações em que surgem gravidezes indesejadas. Defendemos o princípio bíblico: não matarás. Somos radicalmente contra o aborto. Agora, o problema é o que vem antes do aborto. Nós que somos evangélicos temos que atacar o mal pela raiz. Por que tem o aborto? Porque tem promiscuidade, tem prostituição, tem drogas. Meninas que vendem o corpo e não têm condições de ser mães. Então o que elas fazem? Vão em uma clínica, um lugar qualquer onde matam a criança e matam também a mãe. O problema não é só o aborto em si, mas as suas raízes”.