Imigrantes e a dificuldade de aceitar as diferenças do outro
O que explica esse preconceito, estigma e violência contra aqueles que são dados como diferentes?
Nas últimas semanas, a mídia vem noticiando sobre como a situação dos imigrantes nos EUA está se tornando mais precária com o novo governo Trump. E essa onda de intolerância às pessoas migrantes não é algo novo.
Na Europa, crimes de ódio são registrados há mais de uma década, com alguns preconceitos até mesmo tendo amparo legal. E mesmo o Brasil, um país que já se orgulhou de sua “miscigenação”, apresenta há tempos relatos de intolerância e violência contra pessoas que entram no país.
Mas, o que explica esse preconceito, estigma e violência contra aqueles que são dados como diferentes?
O preconceito, por definição, é uma concepção prévia que se tem sobre algo diferente, antes mesmo que se exista um contato real para conhecer aquilo. E é ancorado num medo irracional de que esse outro indivíduo apresente um risco para a pessoa preconceituosa ou para o seu modo de vida.
No entanto, este medo, além de irracional não costuma ter um componente de realidade. O que tem, na verdade, é um estigma social.
Este estigma é: uma ideia negativa, socialmente construída sobre uma pessoa ou grupo para excluí-los do convívio em sociedade, tornando-os alvos mais fáceis do preconceito.
Por exemplo: no Brasil a partir de 2010, houve a imigração de pessoas do Haiti, Bolívia, Venezuela e Colômbia, principalmente por questões econômicas.
Estes migrantes vêm sendo colocados na posição estigmatizada de: “preguiçosos”, “ladrões de emprego”, “trombadinhas”, “criminosos”, “aproveitadores” e “desonestos”.
O que, por sua vez, resulta em notícias de: hostilidade, perseguição, ataques, violências de diversos tipos, dificuldades de encontrar empregos, de conseguir documentação e acesso a saúde.
Isso porque, se aquele que é estigmatizado apresenta uma ameaça (mesmo que falsa), a pessoa costuma sentir um medo irracional desse. E, muitas vezes, as pessoas reagem de modo violento a essa ameaça.
O que não quer dizer que este comportamento é certo ou justificável, pois não se faz correto que alguém tente atacar e destruir tudo aquilo com o que não concorda, ou do qual se sente levemente ameaçado, tal qual um animal raivoso e sem consciência.
Assim, a psicologia se faz importante nessa discussão como ciência e profissão. Seja na criação e discussão de políticas públicas para esses grupos em vulnerabilidade ou no atendimento social e clínico.
Na terapia com um psicólogo é possível que se trabalhem os próprios medos, preconceitos e estigmas, entendendo o porquê da dificuldade de lidar o diferente, além de se reconhecer que não é preciso reagir de forma violenta e crassa àquilo com o que não se concorda. Já que, essas reações também causam uma movimentação psíquica enorme e cansativa na pessoa que tem seus preconceitos enraizados.
Psicólogo Matheus Wada Santos (CRP 06/168009)
Psicanalista especializado em gênero e sexualidade
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